Com grande trabalho coletivo, Indiana volta à decisão pela primeira vez desde 2000 e quer surpreender o mundo do basquete
O Indiana Pacers passou longos 25 anos longe das finais da NBA. Porém, garantiram o passaporte para o maior palco do basquete mundial em grande estilo. Primeiro, eliminaram Giannis Antetokounmpo e o Milwaukee Bucks. Depois, foi a vez de derrubar o Cleveland Cavaliers, líder absoluto da Conferência Leste. Por fim, conquistaram a vaga batendo o antigo rival New York Knicks, com o ídolo máximo da franquia Reggie Miller acompanhado tudo de perto na beira da quadra.
O compromisso na grande decisão não poderia ser mais difícil. Agora, os Pacers encaram o Oklahoma City Thunder, dono de uma campanha histórica de 68 vitórias e 14 derrotas na temporada regular, e que atropelou boa parte dos seus adversários nesses playoffs. Apesar disso, o time comandado pelo técnico Rick Carlisle já provou não temer grandes adversários, e vai com tudo em busca do primeiro título de sua história.
Leia também:
Por isso, o The Playoffs preparou uma lista com cinco motivos para acreditar no título dos Pacers. Confira!
Acertar os arremessos de três pontos com consistência é fundamental para qualquer equipe que enfrenta o Thunder. Porém, nenhum time parece mais preparado que o Indiana para fazê-lo em um bom volume. Isso porque os Pacers vêm acertando 40% (!) das suas bolas do perímetro como time. Para efeito de comparação, o aproveitamento é melhor que o do Boston Celtics campeão na última temporada.
Esses arremessos se tornam ainda mais importantes quando nos atentamos ao trabalho da defesa de OKC. Que os comandados de Mark Daigneault formam a melhor unidade defensiva da liga, tanto na temporada regular quanto nos playoffs, já não é novidade. Porém, até mesmo uma das melhores defesas da história da liga precisa optar por ceder alguma coisa.
A do Thunder, então, opta por ceder arremessos de três pontos na zona morta. Lógico que o time tem defensores rápidos o suficiente para contestarem minimamente esses arremessos, mas, a estratégia evidente é a de proteger o garrafão, ser físico, ajudar na hora certa e tentar forçar turnovers. É praticamente impossível conseguir arremessos livres contra a defesa de Oklahoma City, mas, os melhores que estarão à disposição são os da zona morta.
E é aí que Indiana pode ter mais um trunfo. Ao longo dos playoffs, a equipe tem, de longe, o melhor aproveitamento em arremessos de três pontos na zona morta, com impressionantes 47% (!). Claro que a pressão de jogar as finais, oportunidade inédita para 12 dos 15 jogadores do elenco (Pascal Siakam, Aaron Nesmith e Thomas Bryant são as exceções) e o cansaço imprimido pela defesa adversária podem pesar. Mas, quando se enfrenta um adversário tão duro em um momento tão crucial, é preciso aproveitar as oportunidades que se desenham durante as partidas, especialmente quando se trata de uma de suas maiores virtudes.
E já que estamos falando de fraquezas e virtudes, nada melhor que citar outro ponto que pode favorecer os Pacers. A franquia de Indianapolis é a terceira que menos comete turnovers na pós-temporada. Com apenas 12,7% de suas posses terminando em erros, fica atrás apenas dos já eliminados Cavaliers (12,4%) e do próprio Thunder (11,6%).
Ainda que o adversário tenha números melhores nesse quesito, é fundamental para Indiana cuidar bem da bola. Isso porque Oklahoma City tem a defesa que mais forçou turnovers tanto na temporada regular quanto nos playoffs. Além disso, marca uma média de 23,8 pontos a partir destes erros, também a melhor marca da pós-temporada.
Obviamente, os Pacers vão enfrentar seu maior desafio na temporada. Mas, ter um ataque tão rápido, eficiente e que erra tão pouco é uma das grandes esperanças da equipe para erguer o troféu Larry O’Brien ao término das finais da NBA.
Indiana comete poucos turnovers por jogo e, quando desperdiça a bola, consegue se recuperar muito bem para evitar os pontos adversários. Atualmente, é o time que menos cede pontos após erros nos playoffs (média de 12,5) e o segundo que menos toma pontos em contra-ataques (9,4), atrás apenas – adivinhe só – do Thunder.
O quinteto inicial formado por jogadores velozes e ativos na defesa como Aaron Nesmith, Andrew Nembhard e até mesmo o pivô Myles Turner é capaz de se recuperar com muita competência após alguma jogada que não sai como o planejado. Mesmo entre os reservas, os Pacers têm atletas físicos que conseguem cruzar a quadra em poucos segundos, como Ben Sheppard. Mesmo aqueles que não são grandes marcadores individuais, como Obi Toppin, Bennedict Mathurin, T.J. McConnell e Jarace Walker. Todo mundo está sempre atento e disposto a pisar no acelerador para ajudar na defesa depois de um imprevisto.
E isso é fundamental para bater um time tão físico e com excelentes ladrões de bola como OKC. Ainda que não seja do seu padrão cometer muitos erros, Indiana com certeza sabe que a defesa adversária é mais do que capaz de forçá-los em grande volume. Então, ter as peças certas para correr em transição, evitando pontos fáceis do Thunder e grandes sequências de pontuação sem respostas, aumenta e muito as chances do time.
Todo grande time começa por grandes talentos. E os Pacers acertaram em cheio quando buscaram Siakam no Toronto Raptors para ser mais uma referência técnica e de liderança ao lado de Tyrese Haliburton. Vivendo sua primeira temporada na franquia, o camaronês recebeu seleções para o All-NBA e All-Star. E, nos playoffs, suas atuações vem sendo ainda mais impactantes.
Siakam venceu o prêmio de MVP das finais do Leste, com médias de 24,8 pontos, cinco rebotes e 3,5 na série contra os Knicks. Mais que isso, ele é o ponto de segurança do ataque de meia-quadra. Quando a velocidade e a movimentação tão características do time não funcionam, o ala-pivô encontra um jeito de criar seus arremessos e desafogar a equipe em momentos chaves das partidas. É ainda o único titular com um anel de campeão no currículo.
Além disso, parece o complemento perfeito a Haliburton. O armador tem apenas 25 anos, mas seu desempenho na pós-temporada faz com que pareça um veterano com diversos títulos no currículo. ‘Hali’ cria para si mesmo, para os companheiros, corre, faz a bola correr, arremessa de perto, de longe, e decide no clutch time. Fazendo tudo isso com maestria. Todas as chances de uma conquista inédita de Indiana passam pelas mãos da dupla, que está em grande fase e já provou que não sente os momentos de pressão.
Se a batalha dentro das quadras promete ser de altíssimo nível, podemos dizer o mesmo da batalha que acontece à beira dela. Ainda que muito jovem, Mark Daigneault, treinador do Thunder, já se provou um excelente profissional. E seu incrível trabalho rende frutos a cada partida do também jovem elenco comandado por ele.
Porém, em termos de experiência, sua trajetória ainda não passa perto de se comparar com a de Rick Carlisle. O head coach dos Pacers é 25 anos mais velho que Daigneault, e tem 18 temporadas a mais como técnico na melhor liga de basquete do mundo. Ao contrário do que costuma ser a tendência com treinadores mais velhos, Carlisle segue inovando e criando novas formas de potencializar seus elencos.
O trabalho em Indiana é a prova viva, e a merecida vaga na final veio logo depois de uma temporada em que devolveu o time às finais de Conferência. Um gênio ofensivo, o veterano é a mente por trás de um ataque que encanta o mundo do basquete. Além disso, também é o responsável pela mudança na defesa de seu plantel, que deixou de ser um dos piores na última temporada para se transformar em uma unidade competente.
Carlisle carrega ainda um título de campeão em seu currículo. Em 2011, levou o Dallas Mavericks de Dirk Nowitzki à glória, vencendo equipes icônicas no caminho. O experiente comandante conhece cada atalho de uma série de playoff, e sua expertise com certeza será valiosa a Indiana na briga pelo título.