
Guia NBA 2024-25: New Orleans Pelicans

Em 2023-24, o New Orleans Pelicans conseguiu sua melhor campanha desde que selecionou Zion Williamson na primeira posição do Draft de 2019. No entanto, nem mesmo as 49 vitórias e 33 derrotas foram capazes de fazer com que a equipe escapasse do Play-In, em uma das temporadas mais equilibradas da fortíssima Conferência Oeste.
Os Pelicans até conseguiram a classificação para os playoffs depois de perder a primeira rodada do Play-In para o Los Angeles Lakers, mas, perderam também Zion, seu principal jogador, novamente por lesão. Agora, a franquia espera por uma temporada saudável de seu ala-pivô, para tentar avançar à segunda rodada da pós-temporada pela primeira vez desde 2018.
O que esperar do New Orleans Pelicans nesta temporada?
Apesar da contusão no duelo contra os Lakers, quando foi o melhor jogador em quadra, Zion Williamson viveu sua melhor temporada da carreira em termos físicos. Esteve presente em 70 dos 82 jogos da temporada regular. Durante a preparação para a nova campanha, mudou sua dieta e seu plano de treinamentos, com foco na perda de peso, e parece motivado para se consolidar com uma estrela na NBA.
Liderou a equipe em pontos por jogo em 2023-24, com média de 22,9 pontos, além de 5,8 rebotes, cinco assistências e 1,1 roubo de bola. O número de passes para cestas, por sinal, foi o que mais chamou atenção. O ala-pivô demonstrou grande evolução no papel de criador de jogadas, controlando a bola no ataque e envolvendo os companheiros constantemente, virtude que ainda não havia mostrado nos anos anteriores.
A nova característica foi muito bem aproveitada pelos Pelicans, principalmente diante da ausência de um armador de ofício. C.J. McCollum foi o titular na posição 1, mas, tem como principal qualidade a capacidade de criar arremessos para si próprio. Anotou 20 pontos por jogo, com 42,9% de aproveitamento no perímetro, e apenas 4,6 assistências. Foi também o melhor jogador da equipe nos playoffs, na campanha que terminou com varrida para o Oklahoma City Thunder na primeira rodada.
Entrando no último ano de seu contrato, Brandon Ingram deixou uma péssima impressão na pós-temporada. Tido como maior esperança ofensiva do time na ausência de Zion, teve médias de apenas 14,3 pontos nos quatro jogos contra o Thunder, e um aproveitamento terrível nos arremessos de quadra (34,5). Ao longo da offseason, esteve envolvido em diversas especulações de troca, que foram alimentadas por sua ausência nos treinamentos obrigatórios de New Orleans. Ainda que comece a nova temporada na franquia, não será surpresa se o ala for negociado em breve.
Depois da disponibilidade de Zion Williamson, a evolução dos coadjuvantes foi a melhor notícia dos Pelicans na temporada. A começar por Herb Jones. O ala, que começou a campanha com um novo contrato, se consolidou como um dos melhores defensores da NBA. O desempenho foi coroado com a seleção para o time ideal de defesa e com a quinta posição na votação para o prêmio de melhor defensor do ano.
No ataque, Jones conseguiu ainda as melhores médias da carreira em pontos (11) e assistências (2,6), além de um salto considerável no aproveitamento das bolas de três pontos, saindo de 33,5% para 41,8%.
Trey Murphy III foi mais um a se valorizar. Também um defensor competente, teve as melhores marcas de sua trajetória na liga até o momento, com 14,8 pontos, 4,9 rebotes e 2,2 assistências, ainda que tenha perdido alguns jogos por lesão. Ótimo arremessador, teve uma queda natural no aproveitamento do perímetro (40,6% para 38%) diante do aumento no volume de suas tentativas (6,3 para 7,8 por jogo). Atualmente no ano final de seu contrato de calouro, deve receber uma extensão contratual ainda durante o mês de outubro.
Outro destaque válido é o de José Alvarado, que, apesar da pouca produção ofensiva, compensa a baixa estatura (1,83 metros) com muita disposição e roubos de bola na defesa. Deve continuar sendo peça importante na rotação.
A movimentação de mais impacto foi a troca realizada com o Atlanta Hawks, que resultou na chegada de Dejounte Murray. Depois de se provar um ótimo defensor no San Antonio Spurs, não foi capaz de esconder as deficiências defensivas de Trae Young no antigo time. O encaixe no ataque também não aconteceu, ainda que o armador tenha registrado a melhor média de pontos da carreira (22,5).
Murray, inclusive, foi melhor nas partidas em que Young ficou fora. Situação que pode ser observada nas estatísticas. Quando dividiu a quadra com o camisa 11, teve médias de 20,4 pontos, 5,5 assistências e 5,2 rebotes em 117 oportunidades. Sem ele, foram 25,1 pontos, 8,9 assistências e 5,7 rebotes em 35 jogos.
Ainda que terá que dividir a bola com Zion Williamson, nada se compara ao monopólio de Trae no ataque dos Hawks. Dessa forma, Murray poderá voltar a ser um armador primário, iniciador de jogadas, que era nos anos de San Antonio. Antes da troca, viveu a melhor temporada de sua carreira desempenhando tal função, com 21,5 pontos, 9,2 assistências, 8,3 rebotes e dois roubos de bola por jogo, recebendo sua única seleção para o All-Star Game.
Uma parceria arriscada, mas que pode ser extremamente positiva para ambos os lados. Para contar com o armador, o time abriu mão de duas escolhas de primeira rodada, dos alas Larry Nance Jr. e E.J. Liddell e do jovem Dyson Daniels, que não se desenvolveu como o esperado.
Além dos nomes mencionados, a equipe perdeu também Jonas Valanciunas, seu pivô titular. Não que o New Orleans Pelicans tenha feito algum esforço para segurá-lo. Excelente reboteiro, o lituano adicionava alguma produção ofensiva, mas, não oferecia muita segurança na defesa. Acabou acertando com o Washington Wizards, em um contrato de três anos e US$ 30 milhões.
Para o seu lugar, a franquia da Louisiana acertou com o alemão Daniel Theis, pelo contrato mínimo de veterano. Titular em apenas 13 dos últimos 148 jogos que disputou na liga, o pivô se destacou pelo estilo brigador, inclusive na seleção alemã, atual campeã mundial de basquete e quarta colocada nas Olimpíadas de Paris 2024. Agrega mais na defesa que Valanciunas, mas, oferece muito menos no ataque, apesar de ter dado sinais de um tímido desenvolvimento nos arremessos do perímetro.
Quem também saiu foi o ala Naji Marshall. Mais um com o perfil 3-and-D, Marshall perdeu espaço com a ascensão de Jones e Murphy, e deveria perder ainda mais com a chegada de Murray. Acabou acertando com o Dallas Mavericks na free agency.
Com o início da temporada regular, o New Orleans Pelicans parece ter algumas indefinições em seu time titular. Murray, obviamente, chegou para fazer parte do quinteto inicial. Williamson e McCollum também tem vaga cativa. Ingram certamente não encararia bem a posição de reserva, da mesma forma que seria um tiro no próprio pé devolver Jones ao banco de reservas depois da excelente temporada que fez.
Também não há espaço para os cinco, visto que Zion não tem estatura e não parece se sentir confortável atuando como pivô. No primeiro jogo de pré-temporada, sobrou para Ingram, que não atuou por uma “decisão coletiva”, como definiu o treinador Willie Green. Diante da situação atual do ala, pode ser um indício, ainda que bastante antecipado, de que realmente não faz parte dos planos da equipe. Apesar disso, Shams Charania, da ESPN americana, antecipou a possibilidade de que o ala Jones jogue na posição de pivô.
Ao longo da última campanha, o New Orleans Pelicans foi um time mediano, com uma defesa visivelmente melhor que o ataque. O resultado também foi típico de equipes na média, com a disputa do Play-In e a eliminação na primeira rodada dos playoffs. A chegada de Murray e a capacidade de Zion Williamson de se manter saudável podem potencializar a unidade ofensiva, mas, ainda parece pouco para competir frente a frente com as principais forças do Oeste. A ver como se desenrola a situação de Ingram.
Principais chegadas: Dejounte Murray, Daniel Theis e Javonte Green
Principais saídas: Jonas Valanciunas, Naji Marshall, Larry Nance Jr. e Dyson Daniels
Ponto forte: A defesa. Sétima no quesito na última temporada, deve melhorar ainda mais com a chegada de Murray, sendo ponto fundamental para que New Orleans consiga vencer partidas difíceis.
Ponto fraco: A saúde de Zion Williamson. O elenco está recheado de ótimos jogadores, mas, em sua maioria, complementares. O ala-pivô é o único protagonista capaz de decidir jogos por conta própria, em especial diante da possível saída de Brandon Ingram. Sua disponibilidade será crucial para o sucesso da equipe.
Campanha em 23-24: 49 vitórias e 33 derrotas (Sétimo no Oeste)
Provável quinteto: Dejounte Murray, C.J. McCollum, Herb Jones, Zion Williamson e Daniel Theis
Franchise player: Zion Williamson
Sexto homem: Trey Murphy III
Head coach: Willie Green (quarta temporada no comando)
Briga por: Vaga nos playoffs