Finalistas na última temporada, texanos confiam na dupla Doncic e Irving e na chegada de Klay Thompson para brigar pela taça
Mesmo contando com Luka Doncic e Kyrie Irving em seu elenco, pode-se dizer que o Dallas Mavericks foi uma surpresa na última temporada. A equipe se recuperou de uma campanha em que não alcançou nem mesmo o Play-In, e da melhor maneira possível: chegando as finais da NBA pela terceira vez em sua história (em que pese a derrota para o Boston Celtics em apenas cinco jogos).
Tentando manter o ótimo momento, os Mavs se reforçaram na offseason, inclusive com a chegada de Klay Thompson. Agora, buscam manter o sucesso em uma Conferência Oeste sempre competitiva.
Apesar da campanha frustrante na penúltima temporada, ter um time liderado por Doncic é suficiente para que as expectativas sejam altas. Especialmente depois de um vice-campeonato. O esloveno já se consolidou como um dos melhores jogadores da NBA, ficando em terceiro na votação para o prêmio de MVP em 2023-24.
Foi o primeiro jogador da história da franquia a liderar a liga em pontos, com média de 33,9 pontos por jogo, além de 9,8 assistências (melhor marca da carreira e segunda da liga), 9,2 rebotes, 1,4 roubo de bola e 38,2% de aproveitamento no perímetro (também melhor da carreira). Falar sobre o armador é chover no molhado.
Irving, seu principal companheiro de armação, também viveu outro grande ano de sua trajetória de muito sucesso na NBA. Afastado de quaisquer polêmicas, terminou com 25,6 pontos, 5,2 assistências e cinco rebotes. A dupla foi fundamental para o sucesso da equipe, inclusive nos playoffs, quando, além de ser a principal referência ofensiva, tornou-se peça crucial para o funcionamento da ótima defesa montada por Jason Kidd.
A unidade defensiva, por sinal, foi construída ao longo da campanha. O investimento inicial em Grant Williams não se pagou, mas, o Dallas Mavericks foi cirúrgico durante o trade deadline. Vindo de bons anos no Charlotte Hornets, P.J. Washington foi um grande acerto do general manager Nico Harrison.
O jogador, que cresceu na região de Dallas e era torcedor da franquia na infância, rapidamente se transformou em um dos favoritos dos fãs. Defensor competente, provou-se um excelente complemento para Irving e Doncic no ataque, com um aproveitamento impressionante dos arremessos triplos na zona morta.
Daniel Gafford chegou do Washington Wizards e revitalizou o garrafão dos Mavs. Ótimo protetor de aro, virou uma arma também no ataque, diante do ótimo encaixe de pick’n roll com o esloveno, e da habilidade de transformar os grandes passes do mesmo em pontes aéreas.
As chegadas potencializaram ainda a evolução de Dereck Lively II. Escolha de número 12 do Draft de 2024, rapidamente virou mais um queridinho da torcida por seu estilo físico na defesa, disposto a brigar por todas as bolas. Além disso, mostrou um encaixe ainda melhor que o de Gafford ao lado de Doncic, tornando-se peça fundamental nos playoffs, inclusive, com maior minutagem como pivô.
A outra peça do quinteto inicial era o melhor defensor de mano a mano do time: Derrick Jones Jr. Fez um ótimo trabalho na marcação de estrelas como Paul George, Shai Gilgeous-Alexander e Anthony Edwards durante a pós-temporada. Até por isso, se valorizou no mercado, e Dallas não foi capaz de cobrir os US$ 30 milhões por três anos oferecidos pelo Los Angeles Clippers na free agency.
Isso muito por conta da principal contratação da franquia para a nova temporada. Klay Thompson, nome histórico do Golden State Warriors, acertou através de uma sign-and-trade, por três anos e US$ 50 milhões. Com um currículo que dispensa apresentações, o ala-armador vinha enfrentando dificuldades na Califórnia, principalmente pela idade avançada (34 anos) e as lesões graves que sofreu no passado recente.
Todavia, foi alvo de um grande esforço do Dallas Mavericks na offseason. Um dos melhores arremessadores da história, deve se beneficiar (e muito) do sistema ofensivo da equipe, dada a habilidade de Doncic em envolver seus companheiros, e das constantes dobras de marcação que recebe dos adversários. Thompson deve encontrar arremessos do perímetro com visuais que até hoje não encontrou em sua carreira.
Na defesa, o tetracampeão da NBA não tem mais o mesmo ímpeto de outros tempos, mas, pode fazer um trabalho minimamente competente.
Como substituto direto de Jones Jr., chegou o ala Naji Marshall, de perfil físico semelhante na defesa. Apesar de ter menos potência ofensiva, principalmente para cortar em direção à cesta e receber pontes-aéreas, é um melhor arremessador que seu antecessor, e pode se beneficiar das boas oportunidades que deve receber como chutador na zona morta. Com trajetória sólida no New Orleans Pelicans, perdeu espaço diante da ascensão de jovens como Herb Jones e Trey Murphy III.
Outro que deixou o time na transação de Thompson foi o australiano Josh Green. Escolha de primeira rodada dos texanos no Draft de 2020, vem evoluindo como jogador de rotação, mas, acabou sendo enviado aos Hornets. Depois de seis temporadas no Dallas Mavericks, Tim Hardaway Jr. também foi embora, trocado para o Detroit Pistons. Apesar de ser um bom arremessador, dividiu opiniões entre os torcedores, muito por conta de sua irregularidade e das atuações ruins em jogos decisivos.
Por ele, os Mavs receberam o armador Quentin Grimes. Também nativo do Texas, teve um bom início de carreira no New York Knicks, se mostrando um defensor de perímetro ágil e arremessador consistente. Não teve o mesmo sucesso nos Pistons, ainda que a amostragem tenha sido baixa. De qualquer forma, pode ser uma boa opção no banco de reservas, principalmente diante da lesão de Dante Exum.
O último a chegar foi um velho conhecido da torcida: Spencer Dinwiddie. O armador fez parte do elenco que chegou às finais do Oeste em 2022, mas, não conseguiu repetir o sucesso no Brooklyn Nets e Los Angeles Lakers. Já habituado a trabalhar com Doncic e Kidd, também pode ser uma boa adição para rotação dos armadores.
A última temporada dos Mavericks pode ser dividida em duas partes. Depois do início conturbado, as chegadas de Washington e Gafford mudaram a cara da equipe. Considerando o período após o All-Star Game, que aconteceu pouco depois da data limite de trocas, Dallas teve o sétimo melhor ataque da NBA e a 13ª melhor defesa. O desempenho melhorou ainda mais nos playoffs, como ficou óbvio durante a campanha até as finais.
Ainda que com algumas caras novas, a perspectiva da equipe continua muito boa. Entrando em sua quarta temporada no comando técnico, Kidd, finalmente, conseguiu construir uma defesa sólida, e seguirá contando com os principais nomes da unidade na próxima temporada. Apesar de perder Jones Jr., passa a ter em Thompson um nome de muita qualidade, provado em grandes momentos e com quatro anéis de campeão no currículo. As opções na rotação também não deixam a desejar.
Vale ressaltar os nomes jovens da equipe. Em especial Lively. O pivô tem tudo para se consolidar entre os titulares, e está trabalhando em seu arremesso de três pontos para se tornar letal no ataque. Jaden Hardy deve ter um papel maior na rotação, e é um nome importante saindo do banco de reservas, capaz de criar jogadas e ser um pontuador versátil nos momentos de descanso de Doncic e Irving. Olivier-Maxence Prosper também é um nome para ficarmos de olho. Especialista defensivo, teve bom desempenho na G League e pode ser mais envolvido no plano de jogo.
Diante de todas as movimentações, podemos esperar um Dallas Mavericks fortalecido na próxima campanha. Ainda que seja muito difícil brigar com Denver Nuggets, Minnesota Timberwolves e Oklahoma City Thunder, algumas das maiores forças da conferência, os texanos já provaram que têm talento de sobra para bater de frente com os adversários. Caso consigam se manter saudáveis, têm totais condições de brigar por mais um título do Oeste.
Principais chegadas: Klay Thompson, Naji Marshall, Quentin Grimes e Spencer Dinwiddie
Principais saídas: Derrick Jones Jr., Josh Green e Tim Hardaway Jr.
Ponto forte: A dupla de armadores. Doncic e Irving são dois dos melhores jogadores não só da posição, mas da NBA. Parecem ter encontrado o melhor entrosamento na última temporada, e devem continuar comandando um dos ataques mais letais da liga. Se defenderem com a mesma intensidade dos playoffs, também dificultam e muito a vida das unidades ofensivas adversárias.
Ponto fraco: Os defensores de mano a mano. Jones Jr. fez um trabalho fenomenal em 2023-24, sempre responsável por defender a principal opção ofensiva adversária. Apesar de muito vencedor, Thompson não é mais o mesmo na defesa, e Marshall, candidato a substituto, pode nem mesmo ser titular da equipe.
Campanha em 23-24: 50 vitórias e 32 derrotas (quinto no Oeste)
Provável quinteto: Luka Doncic, Kyrie Irving, Klay Thompson, P.J. Washington e Daniel Gafford
Franchise player: Luka Doncic
Sexto homem: Dereck Lively II
Head coach: Jason Kidd (quarta temporada no comando)
Briga por: Título