Wizards, finalmente, abraçam a reconstrução e dizem adeus à era da mediocridade
É o início de uma nova era em Washington. Na última temporada, havia uma mentalidade de “playoffs ou fracasso” entre a gestão do Washington Wizards. O elenco construído em torno de Bradley Beal buscava alcançar uma das seis primeiras posições do Leste. O então gerente geral, Tommy Sheppard, concedeu a Beal um contrato máximo, optou por não negociar Kyle Kuzma e contratou jogadores veteranos para complementar o grupo.
Em vez de reformular completamente a equipe e acumular escolhas de Draft, eles se reforçaram com talento veterano em busca do título. Infelizmente, o plano audacioso de Sheppard fracassou, e o time terminou com um recorde de 35-47.
Sendo assim, o Washington Wizards contratou Michael Winger para se tornar o presidente de operações de basquete da franquia e Will Dawkins como novo gerente geral após duas décadas com Ernie Grunfeld e Tommy Sheppard. Com Sheppard fora, Dawkins assumiu a tarefa de revitalizar os Wizards. Sua primeira decisão foi escolher uma direção. Menos de uma semana depois de assumir o cargo, Will se encontrou com Bradley Beal e decidiu que era melhor seguir em frente. Em vez de continuar na mediocridade, Dawkins optou por trocar Beal e Kristaps Porzingis.
A troca de Bradley era inevitável. Adeus aos dias de navegar no oceano da mediocridade. Entendo que o retorno por Beal tenha sido abaixo do esperado, no entanto, isso é o que a cláusula de não troca faz. Ela amarrou os Wizards nas negociações, forçando-os a aceitar uma oferta que não proporcionou um retorno justo por sua estrela. Apesar disso, com esse movimento, Washington economizou mais de US$ 150 milhões em espaço no teto salarial de 2024 a 2026. Uma curiosidade sobre esse negócio é que o jogador estava a apenas 160 pontos de se tornar o maior pontuador da história da franquia. O posto pertence ao lendário Elvin Hayes, que marcou 15.551 pontos. Beal estacionou nos 15.391.
Embora saibamos que a nova direção deseja transformar a franquia, como exatamente eles pretendem fazer isso? Desenvolvimento de jogadores. A equipe tem lutado tanto nos últimos anos para assinar com agentes livres de destaque, e Winger e Dawkins concluíram que, pelo menos a curto prazo, a free agency não é uma via realista para adquirir uma estrela. Nos últimos anos, os Wizards também não tiveram um bom desempenho nas escolhas de Draft e não desenvolveram bem jovens jogadores. Para o sucesso da reconstrução, o time deve fazer progressos significativos na identificação de talentos e, em seguida, no desenvolvimento deles.
Aliás, o Oklahoma City Thunder pode servir de inspiração. O Thunder selecionou Kevin Durant, Russell Westbrook e James Harden em Drafts sucessivos de 2007 a 2009. No entanto, o Oklahoma City sobreviveu à partida de todos os três e se reconstruiu, no menor mercado da liga, com sua equipe agora centrada no armador Shai Gilgeous-Alexander, sem atrair um único agente livre de importância. Mas isso é sorte? Não. Isso é um bom planejamento, infraestrutura, capacidade constante de transformar suas escolhas de Draft em bons jogadores e enxergar valor em outros jovens na liga. Ter Dawkins como novo GM, que teve toda sua carreira executiva na NBA dentro do Thunder, a partir de 2008, certamente ajuda.
É o que Washington também terá que fazer. Os sucessos na próxima temporada provavelmente não serão vistos no placar. Os Wizards tentaram atalhos, curativos, soluções de curto prazo, pagaram demais para manter seus melhores jogadores — não draftaram ou desenvolveram verdadeiros superstars. Já passou da hora de criarem uma atmosfera onde a excelência seja um hábito, a responsabilidade seja real e os jogadores joguem com vontade, todas as noites.
Com muitos rostos novos no Distrito, esta temporada promete ser divertida. Cerca de metade do elenco será composta por jogadores estreantes nos Wizards. Como o armador Tyus Jones se sairá agora que não está mais atrás de Ja Morant? Jordan Poole irá se destacar fora do Golden State Warriors e longe de Draymond Green? Qual é o verdadeiro potencial do calouro Bilal Coulibaly?
Para equipes assim, o training camp muitas vezes reserva surpresas, especialmente na escolha dos titulares. Alguns já estão definidos, como: Jordan Poole, Kyle Kuzma e Daniel Gafford. Além disso, tudo está em jogo. Se dependesse de mim, Tyus Jones começaria como armador titular. Sua habilidade de distribuição de bola sem cometer erros é algo que apenas os melhores armadores possuem. Entretanto, Delon Wright também é uma opção. O veterano deve ser um dos jogadores mais subestimados na liga, uma vez que defende em alto nível, está sempre no lugar certo e consegue ir bem no ataque. Há uma razão pela qual os Wizards tiveram um desempenho de 9-23 sem ele na última temporada, incluindo uma sequência de dez derrotas consecutivas.
Depois de quatro anos atrás de Stephen Curry e Klay Thompson no Golden State, Jordan Poole está livre. Ele pode arremessar 20 vezes por jogo sem se preocupar, e isso pode ser bom ou ruim. Neste ponto de sua carreira, todos sabem que ele pode pontuar. O verdadeiro indicador de um salto potencial vai além da pontuação. Seu papel em Washington se expande drasticamente. Responsabilidades como liderança, comandar o ataque e garantir que os companheiros estejam nos lugares certos serão novas para Poole. Como parte do time campeão do Golden State em 2022, ser o centro das atenções é algo que ele abraça. A pressão nunca foi grande demais para Jordan. Os Wizards precisam que Poole se torne um líder, alguém em torno de quem essa franquia possa, potencialmente, ser construída, e esta temporada dirá tudo o que eles precisam saber.
Washington também mostra confiança em Daniel Gafford. Ele possui muitos atributos naturais que o tornam um jogador eficaz, mas tem enfrentado problemas com faltas e também contra alguns dos pivôs mais fortes da NBA. Quando esses momentos surgirem, será interessante ver como a situação se desenrolará.
Sobre Bilal Coulibaly, não esperem que ele tenha um impacto imediato. Pedir a um jogador de 19 anos que assuma um papel importante em uma equipe que está tentando se reconstruir não é realista, nem é ideal para o seu desenvolvimento. Existem aspectos no jogo de Coulibaly que são crus e levarão tempo para se desenvolver. Ao contrário da Summer League, ele lidará com um nível maior de competição que explora algumas de suas fraquezas. O melhor cenário para Coulibaly é que ele seja lentamente integrado à rotação e cresça em um papel consistente, mas isso ainda levará tempo.
Quem vai conseguir uma vaga na rotação? Há uma boa mistura de jogadores veteranos e jovens neste elenco, particularmente no banco de reservas. A pergunta será se a equipe pretende destacar veteranos como Danilo Gallinari e Landry Shamet ou se concentrará mais no desenvolvimento de jogadores como Johnny Davis, Patrick Baldwin Jr. e outros. Como Washington lida com essas rotações deve nos dar um vislumbre inicial da visão para este ano.
E não esperem que os Wizards “tankem”. Embora seja compreensível que alguns fãs desejem que a equipe busque prospectos do Draft, como Cooper Flagg e outras jovens promessas altamente elogiadas, a realidade é que a equipe pode não estar em posição de adquirir um jogador desse calibre imediatamente. É mais importante que vejamos progresso na escolha de jovens talentos e no desenvolvimento dos jogadores já no elenco. O que significa sucesso para os Wizards em 2022-23? Dar passos em direção ao futuro.
Um diferencial para a nova temporada é o esquema que o head coach, Wes Unseld Jr., pretende implementar. Ele afirma que essa tática permitirá que os Wizards joguem mais rápido e efetuem um maior número de arremessos do perímetro. O ritmo lento e a falta de arremessos têm sido os maiores problemas ofensivos do time nas últimas duas temporadas. Naturalmente, ver essas mudanças se concretizarem na prática será o verdadeiro indicador, mas ainda assim estou otimista de que isso se torne realidade.
Nova era. Nova direção. Isso vai ser uma reconstrução longa. Pode levar de 4 a 5 anos até que Washington brigue pelo título. E está tudo bem. Imagine se eles tivessem feito isso lá em 2018. Neste momento, estariam na disputa. Ao invés disso, desperdiçaram cinco anos na mediocridade.
(Foto: Reprodução Twitter/Washington Wizards)
Principais chegadas: Jordan Poole, Bilal Coulibaly, Tyus Jones e Landry Shamet
Principais saídas: Bradley Beal, Kristaps Porzingis e Monte Morris
Ponto forte: Aceitar a reconstrução
Ponto fraco: Estar em reconstrução
Campanha em 22-23: 37-45 (12º lugar do Leste)
Provável quinteto: Tyus Jones, Jordan Poole, Deni Avdija, Kyle Kuzma e Daniel Gafford
Franchise player: Jordan Poole
Sexto homem: Delon Wright
Head coach: Wes Unseld Jr.
Briga por: Parte baixa da tabela