Chegadas de Damian Lillard e Adrian Griffin provocam mudanças profundas (mas necessárias) em Wisconsin
“Vamos ganhar a p… desse título”. Essa frase simples enviada por Giannis Antetokounmpo para Damian Lillard ao saber da chegada do armador em Milwaukee é quase um mantra do momento em que a franquia se colocou para essa temporada.
Há dois anos, os Bucks eram campeões da NBA. Um dos menores mercados da liga havia chego ao topo após sair de 0-2 na final contra o Phoenix Suns.
Mas nada mais dinâmico do que o esporte. Uma temporada foi suficiente para a estrutura da franquia sofrer severas alterações. Após a melhor campanha da temporada regular, uma dolorosa derrota na primeira rodada dos playoffs da Conferência Leste frente ao Miami Heat provocou o cataclisma.
O sempre questionado Mike Budenholzer foi demitido e Adrian Griffin foi o escolhido para assumir o time. Apenas um role player durante a carreira de atleta na NBA, Griffin é apontado como um dos melhores desenvolvedores de talento da NBA (com trabalhos de destaque com Jimmy Butler em Chicago e Pascal Siakam em Toronto).
Griffin bebeu de fontes como Nick Nurse, Tom Thibodeau e Scott Skiles (inclusive por duas temporadas em Milwaukee). Com um elenco alterado, a chegada do treinador cai como uma luva para uma reconstrução não apenas tática, mas também hierárquica. Afinal, a segunda grande revolução em Wisconsin é uma das maiores da história recente da NBA.
Damian Lillard é um dos melhores jogadores da NBA sem um anel e via a cada dia que passava o brilho dessa joia mais distante. O ultimato em Portland exemplifica isso e o desejo de jogar em Miami também. Afinal, atuar ao lado de Jimmy Butler, Bam Adebayo e cia sob a batuta de Erik Spoelstra é um pacote bom demais para se deixar passar.
Mas nem tudo o que você quer é aquilo que você precisa e a imagem de Lillard chegando em Milwaukee exemplifica isso. Poucas duplas em toda NBA foram feitas sob medida como o armador e Giannis. É o combo perfeito e como o próprio Dame disse, será difícil marcar o pick and roll da equipe na próxima temporada.
Mas para a chegada de Lillard o general manager dos Bucks, Jon Horst, teve que trocar Jrue Holiday ao Portland Trail Blazers – e vê-lo posteriormente reforçando um rival direto dentro do Leste. Peça central da defesa de Milwaukee, Holiday foi fundamental para o título há dois anos e era uma das bases do vestiário da equipe.
Só que como já dito antes, uma temporada é o suficiente para mexer com qualquer estrutura dentro da NBA. Horst viu a oportunidade de deixar Milwaukee mais próximo do título e apertou o gatilho. O preço foi alto (a equipe ainda perdeu outro bom defensor de perímetro em Grayson Allen), mas necessário para se manter competitivo dentro da Liga.
Os Celtics contam com Jayson Tatum, Jaylen Brown, Kristaps Porzingis e agora com Holiday. No Oeste, os Suns juntaram Bradley Beal a Kevin Durant e Devin Booker, enquanto o Golden State Warriors viram Chris Paul formar um trio no perímetro com Stephen Curry e Klay Thompson.
Lillard, Giannis e Khris Middleton podem chegar ao patamar desses outros trios. O encaixe está ali e Griffin aparenta ser um comandante ideal para organizar essas ideias.
Inclusive, Middleton retornando saudável pode ter os melhores números na carreira ao atuar ao lado de Lillard. Nunca antes tanta atenção ofensiva foi criada em Milwaukee e o ala é o gatilho ideal para aproveitar os espaços abertos pela dupla.
Griffin ainda irá contar com bons role players nos Bucks. Mesmo irregular, Malik Beasley é mais um bom chutador ao redor de Giannis. Cam Payne é uma opção segura de armador reserva e com experiência em playoffs. Sem Joe Ingles no elenco, Pat Connaughton e Bobby Portis devem ganhar mais minutos em quadra. Jae Crowder é um defensor de perímetro fundamental para trazer maior equilíbrio à equipe.
A principal dúvida sobre esse elenco é justamente a capacidade de Milwaukee em defender, especialmente o perímetro. Giannis e Lopez garantem proteção acima da média ao aro, mas o calcanhar de Aquiles dessa defesa fica ainda mais exposto sem Holiday.
Uma saída para Griffin pode ser apostar em formações mais altas com Jae Crowder tendo mais tempo de quadra vindo do banco, bem como Giannis saindo mais do garrafão para atacar os alas.
Obviamente, não se pode cravar o sucesso dessas mudanças em Milwaukee, mas é inegável que hoje a franquia está mais perto do anel como não havia estado desde que derrotou os Suns há dois anos.
A janela do time anterior estava praticamente fechada. Lillard tem 33 anos e pelo menos mais duas, três temporadas em alto nível, enquanto Giannis parece muito mais próximo de decidir permanecer em Milwaukee do que estava há algumas semanas.
Novamente, não é sempre sobre o que se quer, mas muitas vezes é sobre algo do que se precisa. E ninguém precisa mais um do outro do que Lillard e os Bucks.
(Foto: Reprodução Twitter / Milwaukee Bucks)
Principais chegadas: Damian Lillard, Malik Beasley, Cam Payne e Robin Lopez
Principais saídas: Jrue Holiday, Grayson Allen, Joe Ingles e Jevon Carter
Ponto forte: Variações ofensivas
Ponto fraco: Defesa no perímetro
Campanha em 22-23: 58-24 (primeiro lugar do Leste)
Provável quinteto: Damian Lillard, Pat Connaughton, Khris Middleton, Giannis Antetokounmpo, Brook Lopez
Franchise player: Giannis Antetokounmpo
Sexto homem: Bobby Portis
Head coach: Adrian Griffin
Briga por: Título da NBA