Apostando na continuidade do elenco campeão, Nuggets vão em busca do bicampeonato da NBA
Após duas temporadas de MVP do pivô Nikola Jokic, mas campanhas sem sucesso nos playoffs, o Denver Nuggets passeou em 2022/2023 e venceu seu primeiro título da história da NBA, depois de uma jornada tranquila na temporada regular, em que acabou com o primeiro lugar do Oeste, e um domínio impressionante nos playoffs, perdendo somente quatro jogos de 20, sendo somente um dos últimos nove. Apostando na continuidade do elenco campeão, a franquia vai em busca do bicampeonato, algo sempre muito difícil de se conquistar.
Dono de um ataque poderoso e um garrafão muito forte, mas uma defesa que deixou a desejar na temporada regular, os Nuggets subiram, e muito, o tom nos playoffs para dominarem o jogo dos dois lados da quadra e faturar o título. O melhor ataque seguiu imponente na pós-temporada (118,2 pontos a cada 100 posses), junto com o domínio do garrafão (53,8% de índice de rebotes, liderando entre as 16 dos playoffs) e a defesa virou top 4 (110,2 pontos por 100 posses), tudo isso liderado pelo quinteto inicial, preservado em sua totalidade para 2023/2024.
O armador Jamal Murray e Jokic formam hoje uma das duplas mais mortais da NBA. Claro que Jokic representa um bocado mais nesse domínio, mas Murray se mostrou, principalmente nos playoffs, o quanto é bom e o quanto está confiante após sua grave lesão. Em meio a melhor temporada de sua vida (2020/2021), o armador rompeu o LCA e perdeu todo o ciclo 2021/2022, retornando para a última temporada. Após médias de 20,0 pontos, 6,2 assistências (melhor da carreira), 4,0 rebotes e 39,8% nos arremessos de três, o armador deu um passo a mais e foi para 26,1 pontos, 7,1 assistências e 5,7 rebotes nos playoffs, consolidando-se como um dos grandes e decisivos armadores do Oeste.
Jokic dispensa comentários e é a peça-chave para fazer a engrenagem rodar. MVP em 2021 e 2022 (e por muitos quem deveria ter sido o de 2023), o sérvio é um dos jogadores mais inteligentes da liga e faz todos a seu redor melhorarem. Jokic flertou com um triple-double de média na última temporada (24,5 pontos, 11,8 rebotes, 9,8 assistências e 63,2% nos arremessos de quadra – melhor da carreira) e não dá o mínimo sinal de diminuir o ritmo, necessário para uma equipe que tem a difícil missão de tentar um bicampeonato.
Kentavious Caldwell-Pope, Michael Porter Jr. e Aaron Gordon completam o quinteto titular, repetindo a dose da última temporada. A construção do elenco, primeiramente pelo GM Tim Connelly e depois por Calvin Booth, a partir de 2020, apostou em jogadores atléticos e altos para a posição, com grande potencial para arremessos nos três níveis e versatilidade defensiva. Com elenco equilibrado, os três jogadores souberam entender o protagonismo de Murray e Jokic e aceitarem sua funções em quadra, resultando em um quinteto que pouco teve brecha para contestação. Dos cinco, somente Porter Jr. está se recuperando de uma torção no tornozelo, sofrida durante o training camp, e não atuou na pré-temporada, mas deverá jogar na estreia da temporada regular.
Em termos de baixas, a saída de Bruce Brown é a mais sentida. Jogador fundamental na campanha para o título, como sexto homem, o ala abraçou a chance de ter um contrato mais lucrativo e foi para o Indiana Pacers. Além dele, o veterano ala-pivô Jeff Green, que também teve papel destacado nos playoffs, foi embora, além de Thomas Bryant. Em uma offseason bem morna, a reposição não foi à altura em um primeiro momento, feita basicamente com Justin Holiday, pouco aproveitado por Dallas na última temporada. Além disso, a equipe renovou com DeAndre Jordan e Reggie Jackson, veteranos que pouco jogaram na última temporada, e Zeke Nnaji, jovem ala-pivô que poderá ter mais oportunidade com a saída de Green.
Com a saída de Brown, Christian Braun aparece como o expoente a herdar a minutagem e reponsabilidade do ala vindo na segunda unidade. Braun tem muitas qualidades, como agressividade ao cortar para a cesta, uma mentalidade defensiva, habilidade para usar seu corpo (tamanho e força) para criar jogadas e boa movimentação fora da bola, mas se desenvolver seu arremesso como spot-up em complemento a seu forte jogo de transição, deverá ser uma arma importantíssima para Denver e fará o torcedor esquecer Brown. CB está lidando com uma contusão na panturrilha e não atuou na pré-temporada, mas deve estar preparado para a estreia dos Nuggets nesta terça-feira (24).
Em seu segundo ano, Peyton Watson terá sua melhor oportunidade essa temporada na segunda unidade. O jogador foi bem em dois jogos na Summer League (19,0 pontos de média em 52,2% nos arremessos de quadra), mas decepcionou na pré-temporada, com números ofensivos bem abaixo (sete pontos em 35,9% de arremesso de quadra, sendo 27,3% nas bolas de três, com a terceira maior minutagem do time). A favor do ala, sua habilidade defensiva e sua boa movimentação no ataque são fatores que foram elogiados por Braun, seu companheiro de segundo ano na NBA.
Do Draft 2023, Julian Strawther (29ª posição) e Hunter Tyson (37ª posição) foram dois dos grandes destaques da Summer League e já apareceram de cara como candidatos a steal. Strawther liderou os Nuggets em pontuação na pré-temporada, com média de 17,8 pontos e incríveis aproveitamentos de 51,1% nos arremessos de quadra, sendo 45,2% nas bolas de três (7,8 tentativas por jogo), e 90,0% nos lances livres, sendo o segundo em minutos por jogo. A facilidade de pontuar que o jovem de 21 anos apresentou nos três níveis da quadra surpreendeu e o calouro tem grandes chances de ser bastante utilizado na segunda unidade, ao menos no começo da temporada.
Depois de ser o cestinha dos Nuggets na Summer League e integrar o primeiro time do torneio, o ala Hunter Tyson chegou à pré-temporada com mais chance de impressionar e foi o jogador que mais jogou pela franquia, mas não deu o retorno esperado até aqui. Aos 23 anos, o “experiente calouro” viu seu aproveitamento nas bolas de três despencar de 50% em 7,2 tentativas na SL para 28,6% em 5,6 tentativas na pré-temporada. A média de 9,4 pontos em 24,9 minutos. Tyson busca voltar a ser o arremessador confiável que mostrou ser na SL para cavar minutos na segunda unidade, assim como Strawther, que parece estar à frente neste momento.
Os Nuggets mantiveram os titulares do elenco campeão e acreditam na continuidade do trabalho do bom técnico Michael Malone junto à evolução dos jovens jogadores para repetirem a dose e conquistarem o bicampeonato da NBA.
(Foto: Matthew Stockman/Getty Images)
Principais chegadas: Justin Holiday e Julian Strawther
Principais saídas: Bruce Brown, Jeff Green, Thomas Bryant e Ish Smith
Ponto forte: Nikola Jokic. O pivô sérvio é o melhor jogador da NBA e um fator de desequilíbrio que faz o time jogar melhor como o grande facilitador que é. Com ele saudável, os Nuggets têm chances de vencer de novo. Sem ele, sem chance
Ponto fraco: Profundidade de elenco. Até difícil falar disso, já que o time foi campeão com um elenco longe de ser profundo, mas agora os Nuggets dependem da evolução de jogadores jovens na segunda unidade
Campanha em 22-23: 53-29 (primeiro lugar do Oeste)
Provável quinteto: Jamal Murray, Kentavious Caldwell-Pope, Michael Porter Jr., Aaron Gordon, Nikola Jokic
Franchise player: Nikola Jokic
Sexto homem: Christian Braun
Head coach: Michael Malone
Briga por: Título da NBA