A grande final universitária coloca os atuais campeões de Clemson contra o vencedor do Heisman Joe Burrow
De um lado, a equipe de Dabo Swinney tem um histórico recente de bastante sucesso, tendo participado de 3 das últimas 4 finais, vencendo 2, incluindo a de 2019. Ao longo do ano, muitos questionamentos foram levantados acerca de Clemson, que, segundo muitos, teria vencido seus adversários por conta da fraqueza no calendário, não pelo desempenho. Mesmo assim, derrubaram a equipe recheada de talento de Ohio State para chegar à final. O time tem o quarterback Trevor Lawrence, muito cotado para ser a primeira escolha do Draft da NFL de 2021.
Do outro lado, os também Tigers de LSU chegam como o melhor time do ano, comandando pelo melhor quarterback universitário. Vencedor do prêmio Heisman, Joe Burrow foi a grande história da temporada. Após ser transferido de Ohio State, o QB assumiu o ataque de LSU e mudou a forma como o time se portava em campo. Distribuindo a bola para todo o seu corpo de recebedores, o ataque aéreo de LSU parece impossível de ser marcado. Burrow, por sua vez, é favorito a primeira escolha do Draft deste ano.
(Foto: Reprodução Twitter/LSU Football)
#3 CLEMSON
O confronto coloca os grandes candidatos a escolha número 1 dos próximos dois Drafts frente a frente. Burrow deve ser selecionado em abril antes de qualquer outro, enquanto Trevor Lawrence, QB titular de Clemson, deve ser escolhido antes dos colegas em 2021. Após um primeiro ano inacreditável, era natural que o desempenho de “Sunshine” diminuísse no segundo ano.
Mesmo assim, o quarterback segue evoluindo e foi um dos grandes nomes na virada sobre Ohio State. Na semifinal, demonstrou habilidades atléticas para ganhar muitas jardas com as pernas, incluindo um touchdown de mais de 60 jardas pelo chão. Além dele, é preciso ressaltar a presença de outras duas grandes armas ofensivas deste ataque: Tee Higgins (WR) e Travis Etienne (RB).
Ambos cotados para saírem cedo no Draft, estes dois jogadores são os mais acionados por Lawrence durante os jogos. Higgins finalizou o ano com 56 recepções, 1.115 jardas, 13 TDs, e mostrou que pode sim ser o wide receiver número 1 em qualquer franquia da NFL. Com um ótima habilidade para criar separação, o WR deve ser uma arma importante para Clemson tentar vencer a secundária talentosa de LSU.
Etienne, por sua vez, é um running back moderno, que pode causar impacto não somente correndo com a bola, mas recebendo passes e tirando a pressão de seu QB. Em 2019, foram 192 carregadas, 1.536 jardas, 18 TDs, além de 32 recepções para 396 jardas e 4 TDs. Nos momentos em que mais foi pressionado contra Ohio State, Lawrence buscou Etienne, que foi o grande destaque do duelo.
A experiência do programa disputando jogos decisivos pode pesar a favor, mas a defesa teve de ser totalmente reformulada. Na temporada 2018, a linha defensiva era muito forte, sendo responsável pelo ótimo desempenho defensivo da equipe. Contudo, todos os titulares foram para o Draft, criando a necessidade de reformulação da defesa. Atualmente, conta bom bons nomes, mas não parece capaz de conduzir o time sozinha contra o forte ataque de Joe Burrow.
Assim com LSU, o ataque é o grande destaque, mas na defesa também há talento. Vale destacar o linebacker Isaiah Simmons, cotado para sair no top 15 do Draft, que demonstra uma ótima capacidade não somente de atacar as corridas, mas também cobrir passes. É o líder da equipe em tackles (97), sacks (6), além de ter forçado um fumble e interceptado 3 passes.
(Foto: Reprodução Twitter/Clemson Football)
#1 LSU
Há quem possa parar esta forte equipe de LSU? Quando a temporada começou, ninguém colocava o time entre os favoritos, mas uma campanha invicta obrigou uma revisão das análises iniciais. Com vitórias sobre Alabama, Texas, Florida e um atropelo sobre Ole Miss, a equipe ficou no topo do ranking universitário e, no momento, é o time a ser batido.
Não há como falar nesta equipe sem citar a revolução ofensiva causada por Joe Burrow. Somente em 2019, Burrow lançou 5.208 jardas, 55 TDs e apenas 6 INTs. Na semifinal contra a equipe de Oklahoma, foi responsável por nada menos que 8 touchdowns no jogo, garantindo o seu time na final. Além disto, o quarterback demonstrou uma ótima habilidade de leitura, com 77,6% de seus passes completos. Com dois bons recebedores e um jogo terrestre consistente, Burrow é a grande aposta de LSU para distribuir a bola ao longo do campo e levar o time ao título.
Um ótimo quarterback não conseguiria números tão positivos sem qualidade no grupo de recebedores. E Burrow conta logo com dois ótimos: Ja’Marr Chase e e Justin Jefferson. Ao olharmos os números destes dois combinados, são 177 recepções, 2.993 jardas e 36 TDs, o que representa a maior parcela dos números do próprio QB. A dupla consegue executar todo o tipo de rota, e com certeza será uma dor de cabeça para a defesa de Clemson na grande final.
O jogo ofensivo ainda trás uma ótima arma para o jogo terrestre: Clyde Edwards-Helaire. Mesmo nos jogos com grande brilho de Burrow, o RB sempre apareceu para controlar o relógio e abrir mais espaço para os passes entrarem. Assim como Etienne, também consegue receber passes e auxiliar a retirar pressão como válvula de segurança. Em 2019, foram 199 corridas para 1.304 jardas, 16 TDs, e 50 recepções para 399 jardas, TD.
Na defesa, o destaque fica também para um linebacker: K’Lavon Chaisson. Outro jogador projetado para sair na primeira rodada do próximo recrutamento, Chaisson é o líder em sacks e pode complicar a vida de Lawrence com seu bom trabalho de mãos para se livrar de bloqueios. A presença do safety Grant Delpit também é um fator a se considerar, já que o defensive back apresenta uma leitura única e ótima cobertura de passes, seja em situações de zona ou marcação individual.
(Foto: Reprodução Twitter/LSU Football)
O JOGO
Acredito num verdadeiro tiroteio nesta final, tendo em vista a grande qualidade dos ataques de ambas as equipes. Com o duelo traz dois quarterbacks de muita qualidade, é bem possível vermos ajustes ao longo do jogo e um placar com alta pontuação.
A equipe de Clemson parece um pouco mais fraca, apesar da experiência em disputar finais. A fim de chegar mais uma vez ao topo nacional, Swinney terá de bolar um game plan com jogadas curtas e corridas inteligentes, de modo a controlar o relógio e deixar o ataque de LSU fora do campo. A defesa terá de saber trabalhar contra uma equipe em ótimo momento, mas pode usar a experiência para abrir o placar e forçar LSU a correr atrás.
LSU, por sua vez, precisa fazer valer seu jogo, variando a bola nos três níveis da defesa, alternando com corridas. Em virtude da presença de bons jogadores para cobertura, a proteção da bola pode ser mais difícil, mas essencial para aumentar as chances de título. Na defesa, o cuidado com as situações de read-option de Lawrence são vitais, pois o QB pode fingir o handoff para Etienne e ganhar muitas jardas.
Ao final, como o jogo será disputado em New Orleans, a equipe de LSU deve ter a maior parte da torcida local, que está sedenta por um título após mais um fracasso dos Saints na NFL.
QUEM PODE DECIDIR
Eu sempre tento evitar quarterbacks neste ponto do texto, tendo em vista que uma atuação histórica (boa ou ruim) é quase sempre decisiva quando vem de um QB. Contudo, neste jogo, as duas grandes estrelas são justamente os lançadores, então é impossível fugir destes nomes.
Trevor Lawrence (Clemson): Lawrence mostrou uma capacidade incrível de se adaptar contra Ohio State. Ao perceber que muitos jogadores estavam cobrindo os passes, aproveitou os espaços para correr e ganhou muitas jardas. Quando passou a ser marcado, utilizou Etienne em passes curtos para ganhar território e vencer a partida. Em uma noite inspirada, Lawrence pode ser o maior pesadelo de qualquer defesa.
Joe Burrow (LSU): O melhor jogador universitário do ano chega ao jogo mais importante e decisivo de sua breve carreira. Repetir o jogo de exceção que fez contra Oklahoma parece quase impossível, tanto pela qualidade maior de Clemson, quanto pelos números incríveis que Burrow colocou naquele jogo. Para chegar ao título e praticamente garantir-se como a escolha número 1 do Draft em abril, ele só precisa manter o padrão de jogo que vem apresentando: passes bem distribuídos ao longo do campo, aproveitando a qualidade de seus WRs e não arriscando demais.
PALPITE: LSU
Apesar de ser um jogo em que se espera boa atuação ofensiva de ambas as equipes, o momento de LSU parece muito superior ao de Clemson. Ainda que a equipe da Carolina do Sul seja mais experiente, atual campeã e conte com ótimos nomes, o momento é de Burrow e da equipe de LSU. Em virtude da ótima capacidade ofensiva, que aproveita todas as zonas e é capaz de impor durante todo o jogo, acredito em vitória de LSU na final.
SOBRE O JOGO
Dia: 13/01/2020
Horário: 22h, horário de Brasília
Local: Mercedez-Benz Superdome, Nova Orleans
Transmissão para o Brasil: ESPN e Watch ESPN