Final do College Basketball coloca frente a frente duas equipes que são famosas por suas defesas
É dia de decisão. Nesta segunda (08), Virginia e Texas Tech tem um compromisso marcado para saber quem é a melhor equipe universitária do ano. Em um dos March Madness mais imprevisíveis dos últimos anos, as duas equipes tem totais condições de sair com o título. E um fator que traz mais brilho a final é a de que veremos um campeão inédito. Enquanto os Cavaliers estão em seu terceiro Final Four, os Red Raiders chegaram lá pela primeira vez.
Para Virginia, é uma temporada de vingança. Após ser eliminada em 2018 por uma equipe classificada como cabeça de chave 16, o time quer provar que aquela derrota foi um acidente. E para isso conta com um trio de jogadores que tem dado o que falar no torneio. Ty Jerome, Kyle Guy e De’Andre Hunter foram responsáveis por 50 dos 63 pontos na vitória nas semifinais contra Auburn. Os três estavam na campanha de 2018. Só que no fatídico jogo contra UMBC, Hunter esteve de fora por lesão.
Já Texas Tech chega a final com ares de surpresa. Não que fosse impossível um time com tamanha qualidade defensiva chegar até aqui. Mas o caminho foi pavimentado com belíssimos triunfos. Em sequência, derrubou Michigan, Gonzaga e Michigan State. Nestes jogos, nenhum time pontuou mais do que 69 vezes. Contra as duas universidades de Michigan inclusive, foram 95 pontos cedidos nas duas partidas. Um feito e tanto para os Red Raiders que nunca haviam passado de um Elite Eight na história.
Chegou a hora de entender como o jogo entre estas equipes se definirá. Quem pode guiar um time ao título? Quem vencerá? Vamos às análises:
Se você é fã de defesas, esse jogo é feito sob medida. As duas equipes se valem de um estilo defensivo muito bem desenhado. A tendência, inclusive, é que tenhamos um placar baixo, para desespero de parte dos fãs. Virginia desacelera suas partidas e costuma controlar às ações. Se o confronto contra Auburn era um duelo de estilos bem definidos, contra Texas Tech tudo tende a ser diferente para os Cavaliers. Os Red Raiders costumam exatamente atuar de forma lenta no ataque, com todos os jogadores participando das ações com screens. Ninguém fica parado no esquema do técnico Chris Beard.
Para Virginia, além de controlar por onde o embate vai se desenhar, é preciso intensificar o poder de fogo de seu trio poderoso. Jerome terá que coordenar bem o o ataque dos Cavaliers para que Guy e Hunter tenham espaços para partir para a cesta. Neste jogo, Kihei Clark terá uma função especial. O armador pode ser um diferencial nos passes, já que Texas Tech deve explorar o potencial de sua defesa segurando o trio de Virginia. Outro que precisa aparecer um pouco mais é Mamadi Diakite. Foram apenas dois pontos do pivô nas semifinais. Apesar disso, a atuação na defesa foi boa, com cinco rebotes e cinco tocos.
Texas Tech terá que seguir a receita que vem dando certo: sufocar os rivais a ponto deles simplesmente não conseguirem pontuar. Os Red Raiders são uma das equipes mais eficientes defensivamente na NCAA. Tal força apresentada pelo time mexe com os rivais. Chega um momento em que o armador adversário não sabe o que fazer e acaba sendo forçado a tentar um arremesso muito longo. Além disso, Jarrett Culver precisa voltar ao ponto em que estava antes do Final Four. Foram apenas 10 pontos contra Michigan State. Mas outra característica do ala-armador este presente: ele foi decisivo com uma bela bola de três no fim. Dessa vez, o time conta mais de seu melhor jogador para superar o maior desafio do ano.
Olho no confronto entre os técnicos: Tony Bennett e Chris Beard. Bennett é apontado por muitos como o melhor técnico universitário na atualidade. Nas últimas duas temporada, o comandante dos Cavaliers obteve 65 vitórias e apenas seis derrotas. Tony é filho de Dick Bennett, lendário treinador que levou Wisconsin ao Final Four em 2000.
Já Beard tem a história extremamente ligada a Texas Tech. Por dez anos, foi assistente dos Red Raiders, nas passagens de Bob Knight e Pat Knight como comandantes da universidade. Depois de passar por três faculdades da Divison II da NCAA, a volta a TTU foi emocionada. O técnico prometeu que levaria Texas Tech a um Final Four e cumpriu a promessa com apenas três anos no comando do time.
Pela primeira vez, desde 1979, temos dois estreantes na decisão nacional. Naquele ano, Magic Johnson liderou Michigan State em uma épica vitória sobre Indiana State, que tinha como estrela ninguém menos que Larry Bird. Virginia esteve no Final Four em 1981 e 1984, mas em ambas caiu na semifinal. No ano passado, Texas Tech saiu de cena no Elite Eight, caindo para a virtual campeã Villanova em um jogo duríssimo. Espere muito nervosismo dos dois lados que atuarão diante de 78 mil pessoas em Minneapolis.
Dois nomes saltam aos olhos quando o assunto é draft: Jarrett Culver e De’Andre Hunter. Enquanto a estrela de Texas Tech deve sair entre as cinco primeiras posições, Hunter não passa das dez primeiras, de acordo com especialistas. Os dois têm muito a apresentar ainda no Final Four. Se os atletas conseguirem explorar o total dos respectivos potenciais, o jogo será espetacular.
Kyle Guy (ala-armador, Virginia)
Ty Jerome encanta por toda capacidade de ser um líder em quadra. Mas quando a bola apertou, Guy apareceu pontuando de forma consistente. E o jogador foi crescendo durante o March Madness. Os três primeiros jogos na campanha foram discretos. O aproveitamento dos arremessos beiraram o ridículo (25%, 13% e 26%) para um atleta de tal calibre. Depois, tudo melhorou para o camisa cinco.
No duelo contra Purdue, se Carsen Edwards castigava os Cavaliers, o armador resolvia lá na frente. Foram 25 pontos e 10 rebotes. E contra Auburn, Guy teve o momento de herói. Com o cronômetro quase zerado, teve em mãos a vitória e não decepcionou. Chamou atenção o fato de que após o segundo lance livre, o treinador de Auburn parou a partida, numa tentativa de desestabilizar o arremessador. Guy foi para o banco sorrindo e voltou da mesma forma para confirmar que tem gelo nas veias e pode ser o líder que Virginia precisa rumo ao título nacional.
Não deixe de observar: Ty Jerome, De’Andre Hunter e Mamadi Diakite.
Matt Mooney (ala-armador, Texas Tech)
Jarrett Culver deve sair no Top 05 da NBA. Mas quem resolveu a paradas nas semifinais passa longe de ser badalado ou de estar no radar da NBA. Matt Mooney é um ala-armador com uma história gigante na NCAA. O atleta chegou na liga em 2014, quando atuava por Air Force. Só que a cultura militar não fazia o estilo de Mooney que sofria bullying nos Falcons. Logo ao fim da temporada, decidiu se transferir para South Dakota. Com isso, ficou inelegível por um ano.
Após dois anos no time, Mooney chegou a Texas Tech como uma transferência de graduação. Sua presença dá experiência ao elenco dos Red Raiders. Quando Culver está bem marcado, a bola vai para o italiano Davide Moretti. Este pode distribuir ou assumir as funções de pontuador. Só que os dois contam com o precioso auxílio de Mooney. O ala tem como grande característica a regularidade. Nos três últimos jogos, sua porcentagem de acerto sempre beirou 50%. Inclusive, contra Michigan State, o jogador entrou numa sequência de bolas de três que praticamente selou o confronto. Será importantíssimo para encontrar algum buraco na defesa de Virginia.
Não deixe de observar: Jarrett Culver, Davide Moretti e Brandone Francis.
Palpite The Playoffs: Faz tempo que não podemos usar aquele velho ditado dos esportes americanos de que “defesas ganham campeonatos” ser tão real. Os dois times tem potencial para segurar o jogo do adversário e ser um pesadelo para os ataques. Isso fará com que o jogo se desenhe mais lento, com poucas pontuações e os dois times abusando dos 30 segundos do relógio para poder definir. Neste momento, é hora de tentar ser ousado e ganhar sozinho. Se o mundo tende a ir a favor de Virginia, com certa razão, vou arriscar um palpite diferente: com grande jogo de Culver e Moretti, Texas Tech deve superar Virginia no fim por três pontos. Tal palpite se dá com pouquíssima base estatística. Afinal, esse realmente não é o forte do March Madness.
Foto: Twitter / March Madness
AGENDA: DECISÃO FINAL FOUR 2019 – VIRGINIA X TEXAS TECH
Data: 8 de abril de 2019
Horário: 22h (horário de Brasília)
Local: US Bank Stadium – Minneapolis, Minnesota
Transmissão: ao vivo para o Brasil na ESPN