Apesar de pouco espaço amostral, Curry, Doncic e Tatum já parecem se destacar dos demais e Embiid corre por fora
E começou! Mais uma temporada da NBA foi iniciada e, junto dela, o The Playoffs começa sua corrida para o prêmio de MVP. A cada edição, que serão publicadas com o intervalo de um mês, traremos nosso top 10 dos candidatos ao prêmio individual mais cobiçado e polêmico da liga.
Após o primeiro mês de temporada regular, alguns jogadores já começaram a se destacar, uns de forma esperada e outros surgindo como gratas surpresas.
Porém, por ser apenas o começo, as equipes jogaram cerca de 18 jogos até aqui, o que, para uma temporada de 82 partidas, é um espaço amostral muito curto. Com isso, é natural que existam muitas anomalias estatísticas e de resultados, já que uma sequência de poucos jogos bons pode elevar muito os números individuais, sem representar que essa será, de fato, uma tendência para a temporada toda.
Feita a ressalva, Stephen Curry, Luka Doncic e Jayson Tatum brigam pela primeira colocação. Um degrau abaixo, Nikola Jokic, Joel Embiid e Giannis Antetokounmpo (nosso top 3 do ano passado) brigam pelas seguintes posições, e o top 10 é fechado com algumas surpresas da temporada.
Confira abaixo a lista deste primeiro mês da temporada 2022-23 da NBA.
(Foto: Reprodução / NBA.com)
1. Stephen Curry, Golden State Warriors
Já duas vezes MVP da liga, incluindo uma de forma unânime, Stephen Curry pode estar na melhor temporada, em termos individuais, de sua carreira.
Com médias de 32,3 pontos, 6,7 rebotes e 7,1 assistências, Curry tem as melhores marcas da carreira em pontuação e número de rebotes por partida. Na NBA, é o segundo cestinha, atrás apenas de Doncic.
Após 16 partidas, o armador tem o melhor aproveitamento nos arremessos de quadra da carreira, com 52,9%, e o melhor aproveitamento nos arremessos de três pontos desde a temporada 2015-16, com 44,7%.
Quando em quadra, os Warriors têm um net rating (saldo de pontos por 100 posses de bola) de +8 pontos. Sem ele, o saldo cai para -17. Vale ressaltar aqui que essa diferença não é só explicada pelo impacto causado por Curry, mas os jogadores que vêm do banco e seus desempenhos em quadra também ajudam a baixar drasticamente esses números.
Em meio a um momento de instabilidade dos atuais campeões, quem vem segurando a bronca é Curry. Após a briga de Draymond Green e Jordan Poole, o ala-pivô parece mais comedido e menos comunicativo, impactando na defesa e espírito da equipe. Já Poole, tem um começo difícil de temporada, pontuando menos e com aproveitamento ruim nos arremessos de quadra. O outro pilar da equipe, Klay Thompson, também começou abaixo.
Nesse cenário, Curry parece ser, até aqui, a única notícia boa da temporada para a franquia, com performances de 40, 47 e 50 pontos.
2. Luka Doncic, Dallas Mavericks
Melhorando a cada ano, Luka Doncic parece estar pronto para finalmente vencer seu primeiro prêmio de MVP. Criticado na temporada passada por sua forma física ruim nos primeiros meses, Doncic parece ter voltado com tudo para a atual após derrota na final do Oeste para o Golden State Warriors.
Ao final do primeiro mês, após 15 partidas o esloveno lidera a NBA em pontuação com 33,5 pontos por jogo. Porém, os impactos do armador não param por aí. Ele contribui com mais 9,1 rebotes, 8,1 assistências (quarta média da NBA) e 1,9 roubo de bola por partida (terceira melhor marca da liga).
Além disso, Doncic anotou 30 ou mais pontos nos nove primeiros jogos da temporada, ficando atrás apenas de Wilt Chamberlain em número de jogos atingindo essa marca no começo de uma temporada (foram 23, na temporada 1962-63).
Além de dominar em todas as estatísticas “tradicionais” do basquete (pontos, rebotes e assistências), Doncic é o queridinho das estatísticas avançadas. Com ele em quadra, Dallas anota 4,8 pontos a mais que seus adversários a cada 100 posses de bola. Sem ele, a equipe cai muito de produção (principalmente ofensiva) e perde por 9 pontos a cada 100 posses.
O camisa 77 também é o segundo jogador da liga mais crucial para seu time em termos de desenvolvimento das jogadas, participando de 37,3% delas quando está em quadra (estatística conhecida como usage rate). Em termos de win shares (uma estimativa das vitórias que o jogador contribui para seu time), Doncic lidera a liga, com 3,3 vitórias em sua conta ao longo de 15 partidas até aqui.
Essa chuva de dados pode ser explicada de uma maneira bem mais simples. Quando em quadra, Doncic carrega a bola o tempo todo e, essencialmente, ele é o sistema, nos moldes de Russell Westbrook no Oklahoma City Thunder na temporada 2016-17 e James Harden, durante a passagem do técnico Mike D’Antoni no Houston Rockets.
Um gênio ofensivamente, Doncic comanda com maestria o ataque de Dallas e tem poder de punir defesas seja aproveitando um mismatch (no perímetro contra um pivô ou no garrafão contra um jogador menor), fazendo o passe no pick and roll para uma finalização do pivô em quadra, ou atraindo as defesas e soltando o passe para um de seus arremessadores.
A corrida pela primeira posição com Curry é acirrada, mas o atleta dos Warriors leva a melhor até aqui pela eficiência e por precisar, e demandar, menos da bola nas mãos para afetar sua equipe.
3. Jayson Tatum, Boston Celtics
Vice-campeão na última temporada, Jayson Tatum veio com tudo para a atual.
O melhor jogador no time de melhor campanha até aqui, Tatum marca presença nos dois lados da quadra e, apesar de não ser a potência ofensiva como os dois primeiros colocados na lista, contribui do lado defensivo muito mais do que ambos, e deve concorrer para o prêmio de defensor do ano.
Com médias de 30,2 pontos (quinto na liga), 7,6 rebotes e 4,6 assistências e 1,2 toco, Tatum tem suas melhores marcas da carreira, com exceção aos rebotes, e lidera o Boston Celtics, que ocupa a primeira colocação na Conferência Leste com 14 vitórias e 4 derrotas.
4. Joel Embiid, Philadelphia 76ers
O camaronês, que ficou na segunda colocação para o prêmio nas duas últimas temporadas, começou mais devagar a temporada. Dividindo o protagonismo com James Harden e Tyrese Maxey, nos seis primeiros jogos Embiid teve 27,2 pontos e 9,3 rebotes de média, levantando suspeitas a respeito de seu condicionamento físico.
Nos últimos seis jogos, com as lesões de Harden e Maxey, as médias foram de 37,3 pontos, 10,8 rebotes, quase 6 assistências e 2,3 tocos. Nesse período, teve a histórica performance contra o Utah Jazz, quando ficou próximo de anotar um quadruple-double (seria o quinto da história e o primeiro desde 1994), foram: 59 pontos, 11 rebotes, 8 assistência e 7 tocos.
Apesar das recentes atuações, o começo abaixo e os seis jogos em que ficou de fora pesam contra o pivô.
5. Giannis Antetokounmpo, Milwaukee Bucks
Para muitos o melhor jogador da NBA, Antetokounmpo parece vir para mais uma temporada brigando pelo prêmio de MVP.
Após perder no jogo 7 da semifinal do Leste no playoffs passado, em série que não contou com Khris Middleton, o grego e os Bucks voltaram bem e começaram a temporada com tudo. Ainda com Middleton fora, Milwaukee tem a segunda melhor campanha da liga, com 12 vitórias e 5 derrotas.
Nas 13 partidas em que participou, Giannis tem médias de 30,1 pontos (melhor da carreira e sexta da NBA), 11,6 rebotes e 5,4 assistências. O ala, que já foi eleito defensor do ano, vem para o prêmio também. Capaz de marcar todas as posições, tem o segundo melhor rating defensivo da liga (atrás apenas de seu companheiro Jrue Holiday), com apenas 100,4 pontos a cada 100 posses de bola.
Apesar da boa campanha (especialmente considerando a ausência de Middleton), das boas médias e da excelente defesa, Antetokounmpo vem caindo em algumas métricas ofensivas. Em comparação com a última temporada, seu aproveitamento foi de 55,3% para 52%. Nos arremessos do perímetro e do lance livre a queda é mais acentuada, indo de 29,3% para 22% e de 72,2% para 57,5%, respectivamente.
6. Nikola Jokic, Denver Nuggets
O atual duas vezes MVP, Jokic por enquanto tem uma temporada mais tímida, mas tirar conclusões apenas dando aquela “olhadinha” no box score pode enganar muita gente.
Nos números tradicionais da NBA, o pivô tem médias de 21,5 pontos (quase cinco a menos que na temporada passada), 9,4 rebotes (4,4 a menos) e 9 assistências (uma a mais). Além disso, a premiação não leva em conta apenas a performance, e a narrativa em torno do atleta é muito importante. No caso de Jokic, ela já está desgastada, não é mais novidade, não existe o mesmo impacto.
Porém, o sérvio ainda é extremamente importante e, com certeza, um dos jogadores que mais impactam na capacidade de seu time vencer partidas.
Jokic é dono do melhor rating ofensivo da liga, anotando incríveis 122,3 pontos por 100 posses de bola. O pivô tem o segundo melhor true shooting da liga, com 68,7% (só atrás de Curry). Quando ele joga, os Nuggets têm um net rating de +2 pontos, e, quando não atua, esse número cai para -10,6 (que seria o pior net rating da liga). Para finalizar, o camisa 15 é o segundo em toda a NBA em plus minus, com Denver anotando 8,9 pontos a mais que o adversário quando ele está em quadra.
O mais impressionante disso tudo? De jogadores que jogaram pelo menos 10 partidas até aqui, Jokic é apenas o 50º da NBA em usage rate. Ou seja, é apenas o 50º jogador com mais toques na bola quando está em quadra, e fica atrás, inclusive, de seu companheiro Jamal Murray.
7. Shai Gilgeous-Alexander, Oklahoma City Thunder
A grande novidade da temporada, SGA vem tendo, de longe, seu melhor desempenho na carreira. Suas médias são de 31,1 pontos (quarto na NBA), 4,6 rebotes, 6 assistência, 1,8 roubo de bola e 1,4 toco. Em todas as categorias, exceto rebotes, houve melhora, incluindo mais de 5 pontos em pontuação
O que vem chamando atenção é sua facilidade de infiltrar e pontuar no garrafão. Com média de 16 pontos na área, é o quarto da NBA, ficando na frente, por exemplo, de Joel Embiid e Jokic.
Porém, apesar do começo excelente, algumas ressalvas são necessárias. Por estar jogando em uma equipe que não tem pretensões de vencer muitas partidas e nem muitas responsabilidades, é questionável o quanto desse começo avassalador funcionaria, por exemplo, em uma equipe como os Warriors ou outro contender, onde Shai teria que compartilhar mais a bola e ter mais responsabilidades, incluindo na defesa, onde não é tão brilhante como no ataque.
8. Donovan Mitchell, Cleveland Cavaliers
Muito criticado pelo seu insucesso nos playoffs e pela falta de esforço na defesa, Mitchell saiu em baixa do Utah Jazz e deu a volta por cima.
Novo reforço do Cleveland Cavaliers para a temporada, o ala-armador vem tendo os melhores números da carreira. Com médias de 29,8 pontos, 4,3 rebotes, 6 assistências e surpreendentes 41% dos três pontos, Mitchell vem sendo o melhor jogador dos Cavs na temporada, que ocupam a terceira posição do Leste, com 11 vitórias e 6 derrotas.
Na defesa, apesar de não ser impressionante, definitivamente tem se esforçado mais. Da última temporada para essa, seu rating defensivo melhorou quase quatro pontos e, nessa temporada, é o quarto em bolas recuperadas na defesa (esse número envolve apenas bolas que estavam em disputa, e não sobre o domínio de um dos times).
9. Devin Booker, Phoenix Suns
Na nona colocação, Devin Booker é o representante da melhor campanha do Oeste até aqui, com 11 vitórias e 6 derrotas. O ala-armador tem médias de 27,4 pontos, 4,8 rebotes e 5,8 assistências.
Nessa temporada, com Chris Paul jogando menos jogos e menos minutos, Booker parece ter tomado as responsabilidades, e tem mais a bola na mão.
Apesar da queda de produção CP3 e de outras questões como a confusão que envolveu Deandre Ayton e o técnico Monty Williams na temporada passada, o afastamento de Jae Crowder, a lesão de Cameron Johnson, nada parece afetar a equipe dentro de quadra, e Booker tomou as rédeas para liderá-los.
10. De’Aaron Fox, Sacramento Kings
Na décima e última colocação de nosso ranking, talvez a maior surpresa da lista.
Fox tem médias de 25,4 pontos, 5 rebotes e 6,3 assistências, com 54,1% nos arremessos de quadra e 39,5% dos três pontos. O armador lidera o Sacramento King que, nesta temporada, tem o segundo melhor rating ofensivo da liga, com 116,8 pontos por 100 posses, e o primeiro em pontos por jogo, com 120.
Dos jogadores presentes na lista, Fox é o quinto melhor em rating ofensivo e, em toda a liga, vem sendo um dos jogadores mais decisivos. No clutch time, para jogadores com pelo menos 10 partidas disputas, é o segundo em pontos (atrás de Mitchell) e o primeiro em aproveitamento, com absurdos 64,5% de quadra e 57,1% do perímetro. Para comparar, o jogador mais próximo de Fox nessa estatística é P.J Washington, do Charlotte Hornets, com 48% de aproveitamento de quadra.
Menções honrosas:
Kevin Durant – Brooklyn Nets
Ja Morant – Memphis Grizzlies
Trae Young – Atlanta Hawks