O Flamengo foi o único entre os 17 membros da Liga do Futebol Brasileiro (Libra) a não assinar a nota de repúdio contra as declarações do presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez. O dirigente comparou a ausência de clubes brasileiros na Libertadores a “Tarzan sem Chita”, uma analogia considerada racista pelos demais clubes da liga.
A diretoria do Flamengo justificou a decisão a alegar que questões institucionais com a Conmebol devem ser tratadas pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), entidade que oficialmente representa os clubes brasileiros em torneios sul-americanos. O clube, porém, reforçou o compromisso no combate ao racismo. Além disso, cita ações internas, como a inclusão de uma cláusula antirracismo no estatuto do clube e a elaboração de um manual sobre o tema.
A postura do rubro-negro gerou reações nos bastidores do futebol brasileiro, visto que clubes como Palmeiras, Grêmio, Atlético-MG, São Paulo e Santos assinaram o manifesto da Libra. Porém, nos corredores da bola, com ausência do Flamengo no documento, houve estranhamento.
“Os clubes brasileiros Atlético-MG, Bahia, Grêmio, Palmeiras, Red Bull Bragantino, Santos, São Paulo, Vitória, Ferroviária, Paysandu, Remo, Volta Redonda, ABC, Brusque, Guarani e Sampaio Corrêa – membros da LiBRA – vêm a público manifestar seu profundo repúdio às declarações do presidente da CONMEBOL, Alejandro Domínguez que, ao comparar a possível ausência das equipes brasileiras na Copa Libertadores a “Tarzan sem Chita”, utilizou uma analogia de evidente cunho racista e preconceituoso.
A gravíssima declaração de Dominguez traz à tona o evidente preconceito enraizado no ambiente do futebol. Este reforça estereótipos racistas, perpetua a desumanização de pessoas negras, além de demonstrar total insensibilidade em relação a temas de extrema urgência, como o combate ao racismo e a promoção da diversidade no futebol
Os clubes brasileiros reafirmam seu compromisso com a luta contra o racismo e com a promoção de um futebol inclusivo e respeitoso. Não aceitaremos calados nenhum tipo de discriminação, seja em campo, nas arquibancadas ou nas declarações de dirigentes.”
A polêmica começou quando Domínguez, ao questionarem o que achava da sugestão de Leila Pereira – presidente do Palmeiras -, dos brasileiros se afiliarem à Concacaf. Para expressar o sentimento que teria, utilizou a relação entre Tarzan e Chita como comparação, ao remeter aos brasileiros como Chita – um macaco. Após a repercussão negativa, o presidente da Conmebol pediu desculpas e afirmou que não teve a intenção de ofender.
Nesta tarde (20), a Conmebol anunciou que fará uma reunião com as confederações dos 10 países presentes na competição.
Em resposta à falta de ações contundentes da Conmebol no combate ao racismo, o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, boicotou o sorteio da Libertadores. Portanto, a ausência do dirigente foi um protesto institucional e evidencia o desgaste entre a entidade brasileira e a confederação sul-americana.
