Pelas regras da NHL, caso o time que tirar goleiro na prorrogação sofra o gol, perde o ponto extra; Minnesota arrisca e vence por 4 a 3
O Minnesota Wild recebeu o Nashville Predators neste domingo (10) e venceu graças a uma decisão ousada e incomum. Após empate em 3 a 3, o time da casa tirou o goleiro para jogar com quatro atletas na prorrogação. Caso tivesse sofrido o gol e perdido a partida, o Wild não ganharia o ponto extra automático, cedido a todo time que avança para o OT; para a felicidade da torcida, a jogada deu certo e Matt Boldy marcou o gol da vitória de Minnesota por 4 a 3. “Precisávamos dos dois pontos de qualquer jeito”, disse o atacante.
Wild e Predators entraram no rinque de olho nas vagas de playoffs. Enquanto Nashville, com 77 pontos, vai garantindo o primeiro wild card da Conferência Oeste, o segundo (e último) vai ficando com o Vegas Golden Knights, que soma 75 pontos, oito a mais que Minnesota.
Precisando a reduzir a diferença de a qualquer, o técnico John Hynes pôs o time para cima. Encontrou, do outro lado, um adversário difícil e disposto a fazer jogo duro. O resultado foi um confronto muito equilibrado, físico, com boa atuação das defesas, algumas brigas e marcado por gols inusitados.
Minnesota abriu o placar com pouco mais de três minutos, após grande confusão na crease de Nashville. O puck acabou escapulindo e, alheio ao tumulto, Jonas Brodin empurrou para o gol. A reação dos Predators não demorou e surgiu de um passe errado do craque do Wild, Kirill Kaprizov. O russo entregou o disco “de graça” para Kiefer Sherwood, que assistiu Mark Jankowski e garantiu o empate dos Preds.
Já no segundo período, a virada de Nashville saiu de uma sequência de trapalhadas onde, em um contra-ataque rápido, o puck ricocheteou em jogadores do Wild e dos Predators até sobrar para Luke Evangelista anotar 2 a 1 — Minnesota tornou a igualar em um power play, com, mais uma vez, confusão e rebotes na crease do time visitante. Foi a vez de Kaprizov se redimir e fazer o seu gol.
Na etapa final, Ryan Hartman fez valer a infalível “lei do ex” e interceptou um passe cruzado de Anthony Beauvillier. O turnover custou caro para Nashville e, no mano a mano com o goleiro Juuse Saros, Hartman colocou Minnesota novamente na frente, 3 a 2.
O jogo seguia para os minutos finais quando, em um power play, Ryan O’Reilly acertou um chute bem colocado, igualou o placar e forçou a prorrogação.
E como tudo no jogo, o empate também teve suas idiossincrasias: o chute do atacante desviou em Brock Faber e, para evitar que interrompesse a trajetória do puck, Evangelista precisou saltar. Marc-André Fleury acabou atrapalhado pelo fluxo de gente na sua frente.
Além do mais, o técnico de Nashville, Andrew Brunette, havia acabado de sacar o goleiro. No entanto, nem deu tempo do atacante extra entrar no gelo. O gol de O’Reilly saiu no momento que Saros chegava no banco.
Mas, se os Predators não chegaram a jogar com a rede vazia, o mesmo não pode se dizer do Wild. Em uma atitude corajosa e muito incomum, o técnico Hynes tirou Fleury no minuto final da prorrogação e pôs um atacante em seu lugar, gerando o “power play” para Minnesota, que passou a jogar em 4-contra-3. “Nosso time estava organizado”, disse Hynes. “Isso nos daria mais chances de marcar o gol.”
Arriscada, a jogada deu certo, em passe de Mats Zuccarello, Boldy acertou um “tirombaço” do slot direito e marcou o gol da vitória do Wild.
Com o resultado, Nashville sobe para 78 pontos e lidera a briga pelos wild cards da Conferência Oeste. Minnesota vai a 69, reduz para seis a vantagem de Vegas e segue vivo na briga pelos playoffs.
JUST LIKE THAT MATT 🚨🚨🚨 OT WINNER#mnwild pic.twitter.com/fIN0aTQQA6
— Minnesota Wild (@mnwild) March 10, 2024
Na temporada regular da NHL, quando um time perde na prorrogação ou nos shootouts, ainda recebe um ponto extra, referente ao empate no tempo regulamentar — a equipe que vencer, naturalmente, fica com dois pontos.
Desde 2015, a prorrogação é disputada em 3-contra-3. Também ficou estabelecido que, se um time tirar seu goleiro para colocar um jogador a mais durante o overtime, caso sofra o gol e perca o jogo, perde, também, o tal ponto extra que já estava garantido.
Assim, a medida que é tradicional nos minutos finais de tempo regulamentar se torna excessivamente arriscada no OT. Quando deixou a rede vazia na prorrogação, o Minnesota Wild assumiu a possibilidade de sair da partida com zero ponto.
John Hynes, técnico de Minnesota, tomou a decisão ousada pois, assim como nos pênaltis do futebol, os shootouts do hóquei são incertos. “Um ponto não servia, precisávamos de dois pontos”, explicou o treinador, em declaração semelhante a de Boldy, autor do gol da vitória. “Não é algo que se faz todo dia, mas queremos lutar até o fim, jogar duro todos os dias e colocar todas as peças em seu devido lugar.”
Hartman elogiou a coragem de Hynes. “Claro que, ao longo do ano, um pontinho é bom. Mas na posição que estamos, precisamos de dois pontos e nosso power play é bom, é difícil parar aqueles caras. Curti demais.” Segundo o goleiro Fleury, o head coach havia lhe avisado que, caso o empate persistisse, ele seria sacado no minuto final do overtime.
Alguns jogadores do Wild admitiram desconhecer o regulamento. “Não sabia, ainda bem que marcamos”, brincou Frederick Gaudreau. “Precisávamos de dois pontos e correr riscos é necessário, mas eu não fazia ideia dessa regra”, afirmou Marcus Foligno.
Outros resultados da rodada
New York Islanders 6 @ 1 Anaheim Ducks
Edmonton Oilers 4 @ 0 Pittsburgh Penguins
Calgary Flames 2 @ 7 Carolina Hurricanes
Arizona Coyotes 4 @ 7 Chicago Blackhawks
Foto: NHL.com