Em final do Oeste até certo ponto surpreendente, Timberwolves e Mavericks prometem série longa e batalhas entre Edwards e Doncic
Terceiro colocado da Conferência Oeste, o Minnesota Timberwolves varreu o Phoenix Suns na primeira rodada dos playoffs e desbancou o Denver Nuggets, atual campeão, em sete jogos nas semifinais de conferência. A franquia volta às finais de conferência pela segunda vez em sua história, após exatos 20 anos.
A equipe encara o Dallas Mavericks no confronto, time que passou na quinta posição do Oeste e despachou Los Angeles Clippers na primeira rodada e o Oklahoma City Thunder, líder da conferência na temporada regular, nas semifinais. A franquia texana volta as finais de conferência depois de apenas dois anos, quando perderam por 4 a 1 para o Golden State Warriors em 2022.
Esta será apenas a segunda vez que as franquias duelam na pós-temporada. A outra única vez foi na primeira rodada dos playoffs da temporada 2001/2002, quando os Mavs de um jovem Dirk Nowitzki e de Steve Nash venceram por 3 a 0 a série melhor de cinco sobre um time dos Wolves que tinha como destaques o ala-pivô Kevin Garnett e o armador Chauncey Billups.
Depois de 2004, única ida às finais de conferência, os Wolves só voltaram aos playoffs em 2018 e agora emplacam três idas seguidas sob a batuta do técnico Chris Finch, sem ter vencido a primeira rodada até a atual temporada. Os Mavericks têm um retrospecto um pouco melhor, com cinco idas à pós-temporada desde a chegada de Luka Doncic em 2018/2019, sendo duas finais de conferência agora nos últimos três anos.
Como todos planejamos e esperamos antes do início da temporada (contém ironia), Wolves e Mavs se encaram na final do Oeste. Os times mostraram em quadra que fizeram por merecer sem nenhuma vírgula no trabalho até aqui. Anthony Edwards e Karl-Anthony Towns (e um elenco coeso) de um lado contra Doncic e Kyrie Irving (e outro elenco bastante coeso) do outro. Grande série à vista!
Acompanhe aqui mais uma prévia do The Playoffs!
(Foto: Tim Heitman/Getty Images)
TIMBERWOLVES X MAVERICKS: COMO CHEGAM
Os Timberwolves tiveram uma subida de uma temporada para outra digna de nota. A equipe terminou na terceira posição, com 56 vitórias e 26 derrotas, sua segunda melhor campanha de temporada regular da história, atrás apenas das 58 vitórias de 2003/2004, quando o time também chegou às finais de conferência.
Enfrentando os estrelados Suns, a equipe, que não vencia uma série de playoffs desde 2004, simplesmente atropelou e varreu o rival com um 4 a 0 retumbante. Nas semifinais, os Nuggets pela frente, seu algoz da primeira rodada da temporada anterior, e o jovem time não se apavorou, levou a série a sete jogos e finalizou com um virada de 20 pontos na casa do rival no sétimo jogo.
As dificuldades de adaptação entre Towns e Rudy Gobert dentro do garrafão ficaram para trás na última temporada, com o francês ressurgindo novamente como um dos melhores defensores da liga, inclusive levando seu quarto prêmio de Defensor do Ano para casa, liderando aquela que foi a melhor defesa da temporada. Quem surgiu definitivamente também foi a estrela de Edwards. O jovem de 22 anos dominou a temporada inteira e mostrou na duas rodadas até aqui que não abaixa a cabeça nos playoffs.
Nos playoffs, Edwards lidera a equipe com médias de 28,9 pontos, além de 6,2 rebotes e 5,9 assistências, acertando bons 39,8% dos arremessos de três. Towns vem logo atrás com 18,8 pontos e 9,3 rebotes, além de 44% de aproveitamento nas bolas de três, mas sustenta 3,9 faltas por partida, fator que se mostrou um obstáculo para o jogador nos playoffs. Gobert tem double-double de média com 12,2 pontos e 10,9 rebotes, e mais três jogadores acumulam mais de dez pontos por jogo, ilustrando a rotação extensa que a equipe possui e segue utilizando na pós-temporada.
Depois de falharem em chegar aos playoffs na última temporada, os Mavericks se movimentaram na offseason e o trabalho, que parecia bom, teve uma mudança de rumo no meio da temporada. A seleção do pivô Dereck Lively se mostrou ótima, junto com as aquisições de Daniel Gafford e P.J. Washington no trade deadline, que alavancaram boa sequência dos Mavericks para terminarem na quinta posição do Oeste, com 50 vitórias, marca que a equipe chegou pela 16ª em sua história.
Nos offs, a equipe enfrentou os Clippers sem mando de quadra e conseguiu vencer dois jogos fora de casa para levar a série por 4 a 2. Na sequência, confronto contra o Thunder e novamente duas vitórias fora de casa levaram os Mavericks às finais de conferência pela segunda vez em três anos.
Os Mavs endereçaram os problemas defensivos e de tamanho no garrafão entre a offseason e o trade deadline, adicionando primeiramente Lively e Derrick Jones Jr. e depois Gafford e Washington e tudo deu bastante certo. A equipe teve a 13ª melhor defesa da temporada regular pós-All-Star Game e sustenta a sexta melhor dos playoffs, sendo o sexto time que mais pega rebotes (51,5%) nos playoffs, porém o segundo em ofensivos (32,5%).
Na pós-temporada, Doncic jogou com dores flagrantes em diversos jogos, mas ainda assim liderou a equipe com médias de 27,3 pontos, 9,7 rebotes e 9,1 assistências, apesar dos péssimos 30,1% de aproveitamento nos arremessos de três. Kyrie Irving vem logo atrás do esloveno, com 21,1 pontos, 5,4 assistências e ótimos 44% nas bolas de três. Washington completa o trio com 14,3 pontos, 6,8 rebotes e 40,7% nos arremessos de três, e Jones Jr. é o último jogador com pelo menos dez pontos de média nos offs (10,8).
O CONFRONTO
A grande história do duelo entre Wolves e Mavs é o primeiro título de conferência (e a chance do primeiro título da NBA da carreira) de Luka Doncic ou Anthony Edwards, duas jovens estrelas da liga. Isso foi mostrado particularmente nesta temporada, já que Doncic terminou a votação para o prêmio de MVP na terceira posição, enquanto Edwards foi o sétimo do pleito, liderando seu time à surpreendente terceira posição do Oeste.
O embate entre os dois será o foco e ponto alto do confronto, sendo um termômetro, sem dúvidas para o sucesso de seus times. A curiosidade fica por conta do equilíbrio nos duelos entre os jogadores. Foram dez confrontos entre os dois, com cinco vitórias para cada, incluindo uma para cada lado na atual temporada. Doncic tem média de 24,8 pontos, 7,7 assistências, 7,3 rebotes e 1,4 roubo, enquanto “Ant” possui 23,9 pontos, 4,7 assistências, 5,3 rebotes e 1,1 roubo.
Defensivamente, lado em que ambas as equipes têm se destacado nos playoffs, os dois não deverão se encontrar. Edwards deverá marcar Kyrie Irving por sua capacidade atlética altura, enquanto o ala atlético Jaden McDaniels deverá ser o encarregado de ficar em Doncic, um armador muito alto para sua posição. Do outro lado, Doncic, provavelmente, será preservado ficando em Mike Conley, enquanto Jones Jr., o ala atlético dos Mavs, ficará em Edwards.
Ainda sobre os matchups da série, muita coisa mudou desde que os dois times se enfrentaram na temporada regular, entre dezembro do ano passado e janeiro deste ano. As chegadas de Gafford e Washington, hoje titulares, e a saída de Grant Williams, mudam um bocado os confrontos. Gafford e Lively certamente conseguirão limitar Rudy Gobert ofensivamente, enquanto darão trabalho ao Defensor do Ano do outro lado da quadra. Washington e Towns deverão ser o encaixe, com o ala-pivô dos Wolves bem mais alto.
Os matchups e os lados defensivos ganham importância, pois foi assim que as equipes subiram de nível e marcaram suas identidades nesta pós-temporada. Minnesota sufocou Denver na defesa, principalmente nos dois primeiros jogos com muitos momentos de marcação quadra inteira, mas os Mavs não ficam atrás. Com Irving e Doncic, dois não reconhecidos bons defensores, com papéis importantes, Dallas tem a sexta melhor defesa da pós-temporada, duas posições atrás dos Wolves, além de ser o time que mais bloqueia (6,3 tocos por jogo), o quarto que menos oferece pontos dentro do garrafão (42) e o sexto que menos sofre pontos em segundas chances (11,7).
Uma dificuldade que Dallas certamente encontrará no duelo é o domínio de garrafão. Contra o Thunder, a equipe foi muito superior, agarrando 52,6% dos rebotes disponíveis (segunda melhor marca das semis), sendo incríveis 33,2% dos rebotes ofensivos (segunda melhor também), com uma média de 12,2 rebotes ofensivos que geraram 16,2 pontos por jogo. Contra Gobert, Towns e o Sexto Homem do Ano, Naz Reid, as coisas não serão assim. Os Nuggets, por exemplo, tiveram somente 9,4 pontos de segunda chance em nove rebotes ofensivo por partida.
Falando no Sexto Homem do Ano, a batalha de banco pode ser um fator também. Reid é o melhor jogador entre os dois banco, mas em termos de importância para o time, Lively, pelos Mavs, não fica muito atrás. Pelos Wolves, além do pivô, Nickeil Alexander-Walker, Kyle Anderson e, pontualmente, Monte Morris, fecharam a série contra os Nuggets com espaço, com Reid acumulando 10,9 pontos de média na série, número maior do que o de Gobert com mais de 11 minutos a menos de atuação por jogo.
Do lado dos Mavs, atrás de Lively, Josh Green e Tim Hardaway Jr. são os jogadores do banco com participação mais ativa, com Jaden Hardy e Dante Exum tendo aparições mais discretas e com menos de oito minutos de média. Lively é a grande atração, dando energia e presença de garrafão como ninguém e contribuindo com 7,7 pontos e 7,8 rebotes em 23,1 minutos, como fez na série contra OKC.
O confronto via ser bastante dinâmico e divertido de se assistir, com muitas oportunidades de variações ofensivas e defensivas dos dois lados. Tudo o que podemos esperar desta série é que ela não será algo previsível.
(Foto: Reprodução Twitter / Dallas Mavericks)
RETROSPECTO
As franquias se enfrentaram quatro vezes na temporada regular, entre dezembro de 2023 e janeiro de 2024, com três vitórias para os Timberwolves, duas em casa e uma fora. Jogando completo em todas as partidas, os Wolves dominaram as vitórias contra um time dos Mavericks pré-trade deadline, ou seja, que ainda não contava com Gafford e Washington, bastante distante do que é hoje. Em sua única vitória, Dallas contou com uma atuação de 69 pontos somados de Doncic e Irving.
Dallas Mavericks 101 x 119 Minnesota Timberwolves – 14/12/2023, American Airlines Center (Dallas)
Minnesota Timberwolves 118 x 110 Dallas Mavericks – 28/12/2023, Target Center (Mineápolis)
Dallas Mavericks 115 x 108 Minnesota Timberwolves – 7/1/2024, American Airlines Center (Dallas)
Minnesota Timberwolves 121 x 87 Dallas Mavericks – 31/1/2024, Target Center (Mineápolis)
Jogo 1: Dallas Mavericks @ Minnesota Timberwolves, 22/5, 21h30 (horário de Brasília)
Jogo 2: Dallas Mavericks @ Minnesota Timberwolves, 24/5, 21h30 (horário de Brasília)
Jogo 3: Minnesota Timberwolves @ Dallas Mavericks, 26/5, 21h (horário de Brasília)
Jogo 4: Minnesota Timberwolves @ Dallas Mavericks, 28/5, 21h30 (horário de Brasília)
Jogo 5: Dallas Mavericks @ Minnesota Timberwolves, 30/5, 21h30 (horário de Brasília)*
Jogo 6: Minnesota Timberwolves @ Dallas Mavericks, 1/6, 21h30 (horário de Brasília)*
Jogo 7: Dallas Mavericks @ Minnesota Timberwolves, 3/6, 21h30 (horário de Brasília)*
*Se necessário
PALPITE: TIMBERWOLVES 4-3 MAVERICKS
Ah, o jogo 7, como não amá-lo? Mas, mais do que uma vontade aqui, realmente, o duelo pode se encaminhar para uma decisão no último jogo, sem dúvida. Wolves e Mavs têm a possibilidade de variações defensivas e ofensivas que podem sobressair em um jogo e ser superada no outro, e assim por diante até a partida derradeira.
As duas equipes perderam até aqui nesta pós-temporada, dois jogos em casa, enquanto os Wolves venceram cinco fora de casa e os Mavs quatro, ou seja, tudo muito equilibrado. Mesmo que o fator casa não pareça ser um grande diferencial, para os Wolves poderá ser algo a se apoiar, principalmente voltando a abrir uma série em casa, já que a equipe carece de vivência neste estágio da temporada, diferente de ao menos Doncic e Irving, que já passaram por isso.
Os Wolves eliminaram o melhor time da liga, do melhor jogador do mundo, atual campeão, sem mando de quadra. Isso diz muito sobre a capacidade da equipe dos dois lados da quadra, mas principalmente do lado defensivo e como conseguiram limitar Nikola Jokic e/ou seus companheiros, a ponto de prevalecerem na série. Contra os Mavs, o jogo não é o mesmo, mas a situação de encarar uma estrela e seus coadjuvantes sim e acredito que Minnesota possa estar mais preparado em termos de jogo que os rivais para se sobressair.
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