Pela segunda vez desde que mudou ao Brooklyn, franquia aperta o botão restart para reconstruir o time nos próximos anos
Muitas coisas podem ser ditas sobre o Brooklyn Nets, mas algo que nunca deve ser criticado é a inércia. Desde 2012, quando deixou New Jersey em direção ao bairro de Nova York toda temporada da franquia é movimentada.
Nesses 12 anos dois Big 3 foram montados: Primeiro com Kevin Garnett, Paul Pierce e Deron Williams (que ainda contava com Joe Johnson) e posteriormente Kevin Durant, Kyrie Irving e James Harden (com a adição de Ben Simmons).
Ambos os esquadrões sequer conseguiram vencer a Conferência Leste e se esfarelaram nos anos seguintes. E o modus operandi da franquia após esses desastres foi o mesmo: trocas com os ativos possíveis e abraço à reconstrução com futuras escolhas de Draft.
A última troca foi com o New York Knicks (algo que não acontecia desde 1983) e enviou Mikal Bridges para o vizinho na Big Apple. Em contrapartida Bojan Bogdanovic, Shake Milton e seis escolhas de Draft (o que incluiu cinco de primeira rodada).
O trabalho do general manager Sean Marks nesta offseason foi ousado, mas que no médio prazo pode recolocar os Nets no caminho das vitórias.
A troca de Bridges fez com que somente no Draft de 2025 a franquia tenha quatro escolhas de primeira rodada (duas sem proteção de posicionamento.
Isso pode fazer com que Marks tenha a opção de continuar a renovação no elenco via Draft ou já na próxima temporada conseguir ativos com essas escolhas no mercado de trocas.
Para essa próxima temporada, os Nets sabem que a classificação ao Torneio Play-In da Conferência Leste deve girar em torno de 35 a 40 vitórias.
Na temporada anterior, a franquia (ainda com Bridges no elenco) registrou a marca de 32 vitórias. Portanto, é bem improvável que a equipe brigue para chegar aos playoffs neste ano.
Mas os Nets têm alguns fatores interessantes a se observar. O primeiro foi a escolha de Jordi Fernández para comandar o elenco. Após 15 anos de experiência como assistente técnico na NBA, o espanhol que comandou o Canadá no Torneio Olímpico de Basquete Masculino, terá a primeira experiência como treinador em uma equipe profissional.
Fernández terá nas mãos um elenco com jovens talentos e alguns veteranos que devem atuar com motivação na temporada (nem que seja para conseguir uma troca para um contender).
Cam Thomas se tornou o franchise player após registrar 22,5 pontos e 36,4% de aproveitamento nas bolas de três pontos. Mesmo sem estar nos três finalistas de Jogador que Mais Evoluiu, Thomas saiu do status de um reserva eficiente para um titular sem contestação.
Outro jovem talentoso é Ziaire Williams. O armador foi draftado pelo Memphis Grizzlies na décima escolha do Draft de 2021, mas nunca teve grande minutagem com a franquia do Tennessee. Em um elenco em reconstrução, Williams terá a chance de apresentar o basquete que o levou a NBA.
Entre os veteranos que podem apresentar um bom nível de basquete em Brooklyn nessa temporada estão Bogdanovic (candidato forte a ser trocado nesta temporada), Dorian Finney-Smith (segue o mesmo caso do croata) e Dennis Schroder (adivinha? mesma situação dos anteriores).
Há ainda o fator Ben Simmons. Não se há certeza sobre o status físico de Simmons que atuou apenas em 57 jogos nas últimas duas temporadas.
Se Simmons conseguir estar fisicamente saudável, Fernández poderá contar com um atleta versátil dentro de quadra, que pode tanto auxiliar Schroder na armação, como utilizar o atleta na rotação no garrafão e deixar o australiano mais próximo ao aro.
Além disso, Simmons é um dos melhores defensores de perímetro de toda a NBA, além de ser capaz de marcar alas dentro do garrafão. Se o australiano estiver saudável, o núcleo defensivo com Finney-Smith e Nic Claxton pode ser um dos melhores da NBA.
Sem pressão por resultados imediatos, Fernández terá um dos cenários mais favoráveis na liga para desenvolver talentos e tentar organizar a franquia para voos futuros nas próximas temporadas.
Além disso, os Nets têm apenas nove atletas com contratos de ao menos duas temporadas. Essa flexibilidade permite que Brooklyn possa em curto prazo reorganizar o elenco, com espaço financeiro para investimentos mais ousados.
Principais chegadas: Bojan Bogdanovic, Kilian Hayes, Shake Milton e Ziaire Williams
Principais saídas: Keita Bates-Diop, Mikal Bridges e Lonnie Walker IV
Ponto forte: Além da falta de pressão por resultados, o elenco conta com notáveis defensores. Finney-Smith e Claxton foram uma das duplas mais atléticas e físicas de proteção ao aro e se Simmons conseguir se manter saudável, os Nets podem ter uma das defesas mais eficientes de toda a NBA.
Ponto fraco: Além de Thomas, há poucos atletas com capacidade de criarem sozinhos situações de arremesso. O mesmo vale no perímetro, que tem poucas armas no elenco capazes de pontuarem nessa faixa da quadra. Não será surpresa se os Nets tiverem um dos dez piores ataques da temporada.
Campanha em 23-24: 32 vitórias e 50 derrotas (11° no Leste)
Provável quinteto: Dennis Schroder, Cam Thomas, Bojan Bogdanovic, Dorian Finney-Smith e Nic Claxton
Franchise player: Cam Thomas
Sexto homem: Cameron Johnson
Head coach: Jordi Fernández (estreia como técnico principal na NBA)
Briga por: Nada