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6 de junho de 2023 - 15h06

ANÁLISE: Heat se ajusta defensivamente e empata série em Denver

Com Love de titular, defesa em zona inteligente e atenção em Murray, Heat leva a melhor sobre os Nuggets e faz 1 a 1 nas finais da NBA

Robinson faz bandeja para cima de Green em vitória do Heat no jogo 2 das finais da NBA 2023Depois de uma derrota imponente sofrida no jogo 1 das finais da NBA, Erik Spoelstra e o Miami Heat sabiam que tinham que pegar as coisas que deram certo naquela partida e levar para o jogo 2 e corrigir o que deu errado para terem uma chance de fazer algo inédito dentro desses playoffs: vencer o Denver Nuggets dentro da Ball Arena. E eles conseguiram. Chegaram a ficar 15 pontos atrás em dado momento (Denver estava invicto nos playoffs quando liderou por 10+ pontos) e entraram no último quarto com oito de desvantagem, mas eles batalharam e conseguiram vencer por 111 a 108. Foi a 13ª vitória do Heat nestes playoffs, maior marca de um time que se classificou em oitavo na conferência na história, superando o New York Knicks de 1999. Já é história.

Diferente do primeiro jogo, Miami começou quente e conseguiu abrir 21 a 10 no primeiro quarto, empatando a maior diferença até ali que Denver havia sofrido em casa nesses playoffs. Mas estamos falando de um dos melhores ataques destes playoffs e os donos da casa conseguiram rapidamente apagar a desvantagem. Dali em diante, e liderados por bolas de três, os Nuggets emplacaram uma sequência de 32 a 11 e viraram o placar na ida para o intervalo. Na entrada para o quarto período, Denver liderava por oito e, em toda a temporada, só saiu derrotado nessa condições uma única vez, com 37 vitórias! Miami não se importou, fez 17 a 5 nos primeiros três minutos da parcial e chegou a abrir 12 de vantagem, antes de assistir a uma reação de Denver, mas sobreviver e vencer por três pontos.

Muitas coisas foram diferentes entre o jogo 1 e o jogo 2, a começar pela escalação de Kevin Love no quinteto titular no lugar de Caleb Martin (limitado, pois estava doente). Essa foi uma boa sacada de Spo. No jogo 1, a tão falada vantagem de tamanho dos Nuggets foi exposta logo no início da partida, quando Aaron Gordon, que tinha Jimmy Butler como marcador primário, procurava trocas para marcadores mais baixos, como Gabe Vincent, Max Strus ou mesmo Martin, para levar vantagem e pontuar facilmente. O ala fez isso inúmeras vezes e de diversos jeitos. Com Love titular e jogando 22 minutos como marcador de Gordon, a vantagem não era notável e isso liberava Butler para grudar em Jamal Murray. Esse ajuste até permitia interação entre Gordon e Murray para trocas, pois quem sobrava em Gordon, sendo Love ou Butler, nunca teve uma desvantagem, como no jogo 1.

Butler em Murray também teve um grande efeito positivo para Miami. No jogo 1, o jogo de dupla de Murray e Nikola Jokic mostrou-se extremamente efetivo. Com um arsenal ofensivo muito grande, Miami lançou diversas formas de defender o pick-and-roll entre os dois e assistiu a muitos êxitos dos rivais. Seja com Adebayo recuando para parar uma infiltração do armador e tomando um arremesso curto, seja dobrando nele e assistindo a bola sobrar para Jokic livre dos três, seja trocando e Jokic sobrando com alguém mais baixo ou mesmo em zona, a dupla sempre arrumou um jeito de pontuar. No jogo 2, a defesa se ajustou para Murray e conseguiu neutralizar o armador.

Com Butler em cima e colado na marcação individual tentando evitar o recebimento de bola e vez ou outra marcação de quadra inteira, Miami claramente quis ver Murray sem a bola e conseguiu limitar seu jogo. O armador foi de 26 pontos e 11/22 arremessos de quadra no jogo 1 para 18 pontos e 7/15 no jogo 2. Para o segundo jogo, Miami enxergou que limitar os jogadores em volta de Jokic, principalmente Murray, vale mais a pena do que tentar exaustivamente parar o pivô, que vai impactar o jogo – sim ou sim.

Jokic encara Adebayo no jogo 2 das finais da NBA 2023

No podcast de Draymond Green, nesta segunda-feira (5), o técnico do Golden State Warriors, Steve Kerr, falou sobre isso. “Eu não falei com o Spo (Erik Spoelstra), mas posso vê-los na reunião da comissão técnica dizendo ‘Murray é a cabeça da serpente, não Jokic’. Se você olha de fora é fácil pensar ‘Jokic é a cabeça da serpente’. Mas quando joga contra você percebe: ‘Espere aí, esse cara (Jokic) – ele vai dominar não o importa o que façamos – então, essa (Murray) é a cabeça da serpente’”, disse o técnico.

Sobre “deixar” Jokic livre, também não foi bem isso que aconteceu. Como comentou Kerr, Joker vai impactar o jogo sim ou sim, então parece interessante limitar o envolvimento de seus companheiros para os deixar menos quentes na partida. No jogo 1, o pivô teve 27 pontos (7/14 arremessos) e 14 assistências, sendo dez no primeiro tempo e somente três arremessos tentados nessa parcial. No jogo 2, o pivô foi a 41 pontos (16/28 arremessos) e somente quatro assistências. Limitar os companheiros de Jokic foi um ponto, mas outro foi deixar Jokic desconfortável e isso vimos bem na defesa por zona de Miami, especialmente no último quarto.

Por terem um pivô com a visão e qualidade no passe como Jokic, os Nuggets talvez sejam um dos times mais difíceis de defenderem por zona, uma vez que, ao prostrar no meio das linhas da zona, na cabeça do garrafão, um jogador grande consegue desbalancear a defesa recebendo a bola e achando um companheiro livre no perímetro e Jokic faz isso como ninguém. Mas o Heat não se importou, ou melhor, se importou tanto, que conseguiu se adaptar para atrapalhar o pivô.

A estratégia foi povoar a área próxima à cabeça do garrafão e dificultar as linhas de passe para aquela área, impossibilitando que a bola chegasse em Jokic. Principalmente as zonas mortas ficaram desguarnecidas nessa configuração, mas as rotações e proteções foram tão bem feitas que a vulnerabilidade passou batida. Sentindo dificuldade em receber na melhor posição, Jokic por vezes saiu para receber a bola no perímetro, mas fora de sua posição mais confortável cometeu desperdícios, como passes errados, faltas de ataque e roubos de bola sofridos.

Do lado ofensivo de Miami, vale destacar o papel dos coadjuvantes. Se no jogo 1, Strus saiu zerado com 0/10 nos arremessos de quadra, no jogo 2, o ala acertou quatro bolas de três somente no primeiro quarto e terminou com 14 pontos. Vincent, que já havia ido bem no primeiro jogo com 19 pontos, no jogo 2, liberado das tarefas defensivas mais pesadas, como marcar Murray ou mesmo encarar Gordon, registrou 23 pontos em 8/12 arremessos de quadra. Apesar dos ótimos jogos dos dois, o destaque especial fica por Duncan Robinson. O ala registrou todos os seus dez pontos da partida somente no último quarto, impactando as ações ofensivas do Heat de diferentes formas: infiltrando e recebendo um passe dentro pra uma bandeja, acertando bola de três depois de um handoff, abrindo espaço para uma bola de três de Vincent… Enfim, Robinson foi um maestro ofensivo por quase metade do último quarto e deve receber reconhecimento por isso.

Se o ataque de Miami se saiu bem, muito pode se colocar na conta da defesa dos Nuggets, principalmente sob um aspecto que o próprio técnico Michael Malone tem falado desde o jogo 1: a falta de esforço. Pode parecer brincadeira, mas a lentidão nas rotações defensivas e coberturas e a má comunicação dos defensores entre si (especialmente Kentavious Caldwell-Pope, Michael Porter Jr. Christian Braun e Murray), principalmente em situações de decisão sobre trocas, tem sido um pedra no sapato muito grande. Se a bola do Heat não caiu no jogo 1 (33,3% nas bolas de três), no jogo 2 a história foi outra (48,6%) e puniu demais os deslizes.

Uma questão para o Heat imediata para o andamento da série é a volta de Tyler Herro. Fora desde o jogo 1 da primeira rodada contra o Milwaukee Bucks com uma lesão na mão, o armador tem a possibilidade de voltar durante a série. Apesar de ser um grande pontuador com ótimo aproveitamento nos arremessos de três, é necessário ver sua condição de volta e a melhor forma de aproveitá-lo dentro de uma rotação que não precisou dele para chegar às finais da NBA.

A série entre Nuggets e Heat parecia mostrar um caminho para domínio do time liderado por Nikola Jokic, mas esses playoffs nos ensinaram a não duvidar de Miami, principalmente de Erik Spoelstra. Para o jogo 2, a equipe mostrou uma de suas maiores qualidades, a resiliência, mas mais do que isso, mostrou que pode ter respostas para o poderoso ataque de Denver e um dos jogadores mais difíceis de se limitar da NBA atual. Caberá agora a Malone pensar uma tréplica, pois a vantagem agora quem tem é seu adversário.

FINAIS DA NBA 2023: Denver Nuggets 1 – 1 Miami Heat

JOGO 1: 01/06 – 21h30, Heat 93 @ 104 Nuggets
JOGO 2: 04/06 – 21h, Heat 111 @ 108 Nuggets
JOGO 3: 07/06 – 21h30, Nuggets @ Heat – em Miami
JOGO 4: 09/06 – 21h30, Nuggets @ Heat – em Miami
JOGO 5: 12/06 – 21h30, Heat @ Nuggets – em Denver
JOGO 6: 15/06 – 21h30, Nuggets @ Heat – em Miami*
JOGO 7: 18/06 – 21h, Heat @ Nuggets – em Denver*

*Jogos só acontecem se necessário
Obs.: Todos os horários são de Brasília

(Foto 1: Reprodução Twitter / Miami Heat; Foto 2: Reprodução Twitter / NBA)

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