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19 de junho de 2024 - 15h06

Como o time do título de 2008 dos Celtics impactou no título de 2024

Celtics venceram o 18º título de sua história exatos 16 anos depois do 17º e as duas equipes têm ligações eternas

Kevin Garnett - Boston CelticsO título de número 18 na história da NBA do Boston Celtics desta segunda-feira (17) veio exatamente 16 anos depois do 17º da franquia. Em um 17 de junho de 2008, Paul Pierce, Kevin Garnett, Ray Allen e Rajon Rondo lideraram os celtas à vitória no jogo 6 das finais daquele ano, sobre o Los Angeles Lakers, e mantinham Boston como maior campeão da história da liga.

Aquele time de 2008 tinha consolidado seu elenco logo antes daquela temporada, com as chegadas de Garnett e Allen, e passaria pelo grande palco da NBA novamente em 2010, antes de se começar a se desfazer em 2012, com a saída de Allen, e terminar em 2013, com a troca de Pierce e Garnett. A construção do núcleo do elenco atual campeão, basicamente as seleções de Jayson Tatum e Jaylen Brown, tem tudo a ver com isso: a dissolução do elenco campeão em 2008 a partir da saída das principais estrelas em 2013. Confira com o The Playoffs que contamos como isso aconteceu.

Os Celtics usaram a décima escolha do Draft 1998 para selecionarem Pierce, mas demoraram até terem sucesso com o ala. Até aqueles playoffs de 2008, haviam sido somente quatro idas à pós-temporada, com seis temporadas com menos de 40 vitórias. A equipe selecionou o armador Rajon Rondo na primeira rodada do Draft 2006 e, então, se movimentou, no ano seguinte, para adquirir duas estrelas da liga: Garnett e Allen, que tinham 31 e 32 anos, respectivamente, e se juntariam a Pierce, que estava com 30.

A temporada foi um sucesso absoluto. Boston foi o líder do Leste com 66 vitórias e viu “KG” levar o prêmio de “Defensor do Ano”. Na pós-temporada, passou por Atlanta Hawks, Cleveland Cavaliers e Detroit Pistons, antes de encarar os Lakers e os vencer por 4 a 2, sendo campeão depois de 22 anos, em série que condecorou Pierce como MVP das finais.

O time manteve o alto nível nas temporadas seguintes e, depois de cair nas semifinais de conferência em 2009, retornou às finais em 2010, novamente contra os Lakers. Desta vez, depois de sete jogos, o título mudou de lado e os Lakers foram campeões saindo de uma desvantagem de 3 a 2.

A tormenta depois da calmaria: fim da era Pierce, Garnett e Allen

Os Celtics sofreram nas temporadas seguintes com duas eliminações para o Miami Heat de LeBron James, Dwyane Wade e Chris Bosh nos playoffs de 2011 e 2012. Depois disso, naquela offseason, Allen, agente livre e frustrado com sua posição na equipe e questões que tinha com Rondo, rejeitou uma proposta para ficar nos Celtics e acertou por um valor mais baixo com o Heat.

Em 2012/2013, Boston decepcionou e acabou eliminado na primeira rodada dos playoffs, para o New York Knicks, e Danny Ainge, então presidente de operações da equipe, optou por uma renovação e decidiu realizar uma das trocas que se provou das mais assertivas da história recente da NBA, levando à construção do atual núcleo campeão, em uma verdadeira troca de núcleo vencedor por outro.

No dia 28 de junho de 2013, os Celtics realizaram uma troca com o Brooklyn Nets enviando Pierce (35 anos), Garnett (37 anos), Jason Terry (35 anos) e D.J. White por Kris Humphries, Gerald Wallace, Kris Joseph, MarShon Brooks e Keith Bogans e, o mais importante, as escolhas de primeira rodada dos Nets dos drafts 2014, 2016 e 2018, além do direito de trocar escolhas com a franquia no Draft 2017, essa última condição sendo acertada mais tardiamente no negócio.

A renovação era total e a partida dos astros também se espelhou na comissão técnica, com Doc Rivers saindo e dando espaço para o jovem Brad Stevens. Com a sexta escolha do Draft 2014, a equipe selecionou Marcus Smart, e com a 16ª de 2015, escolheu Terry Rozier, dois jogadores que tiveram grandes momentos com os celtas.

A era dos Jay’s começa

Jaylen Brown e Jayson Tatum

Difícil saber se Ainge já previa uma decadência tão rápida dos Nets, mas fato é que na temporada 2015/2016, já sem Pierce e Garnett, a equipe de Nova York teve campanha de 21 vitórias apenas, terminando em penúltimo lugar no Leste. Aquele retorno de Draft da troca já pagava grandes dividendos, já que os Nets acabaram com a terceira escolha geral para o Draft 2016 e, com ela, os Celtics selecionaram Jaylen Brown.

Em 2016/2017, os celtas já havia superado a reconstrução, por muito e muito rapidamente. Com um elenco extremamente jovem, o time teve a melhor campanha do Leste e chegou até as finais de conferência, mas esbarrou nos Cavaliers de LeBron em cinco jogos. Do outro lado, nova campanha tenebrosa dos Nets, agora último do Leste, e a primeira escolha geral desembarcava em Boston para o Draft 2017. Ainge ainda fez um novo movimento com o Philadelphia 76ers para descer para a terceira posição por mais escolhas (viraram Romeo Langford e Matisse Thybulle no futuro), e os Celtics escolheram Jayson Tatum.

Às vezes, parece inacreditável, mas sim, o primeiro time do Leste em 2016/2017, e que vinha de uma final de conferência, teve a primeira escolha do Draft 2017 (os 76ers escolheram Markelle Fultz), confiou em um jovem ala de Duke para descer na seleção e escolheu Tatum. Na sequência, em julho daquele ano, os Celtics usaram a escolha de primeira rodada dos Nets de 2018 no pacote que trouxe Kyrie Irving dos Cavaliers (a escolha virou Collin Sexton) e dava um fim aos ativos daquela troca de 2013.

Não teve outra saída, com elenco forte, Boston voltou às finais de conferência em 2017/2018, parando de novo nos Cavs, desta vez em sete jogos. A equipe foi aos playoffs em todas as temporadas seguintes, parando nas finais de conferência contra o Heat em 2020 e 2023 e nas finais da NBA em 2022, quando perdeu por 4 a 2 para os Warriors.

Stevens largou a posição de técnico e assumiu o papel de presidente de operações na aposentadoria de Ainge, em 2021, dando lugar a Ime Udoka no comando técnico da equipe. Depois de uma temporada e as finais da liga, um problema interno do técnico dentro da franquia resultou em sua demissão e na ascensão de Joe Mazzulla para 2022/2023.

O papel de Stevens como presidente na construção do atual elenco começou logo de cara, em junho de 2021, quando o executivo trouxe Al Horford de volta do Oklahoma City Thunder em troca pelo armador Kemba Walker, seu primeiro movimento no cargo. No meio da temporada 2021/2022, em fevereiro de 2022, Stevens trocou Josh Richardson, Romeo Langford e escolhas de Draft por Derrick White com o San Antonio Spurs e seguiu construindo o elenco do título de 2024.

Flagrantemente, a equipe começou a definir um estilo de jogo baseado nas bolas de três já a partir de 2020/2021 e foi adicionando elementos para complementar essa característica. Com defensores bastante decentes em pelo menos Smart, Brown e Tatum, a identidade da equipe ia se moldando e os jogadores que chegavam iriam em encontro a pelo menos esses dois pontos. Em 2020/2021, o time arremessou 36,4 bolas de três por jogo, 1,9 a mais do que a temporada anterior, e isso só aumentos ano a ano.  Em 2023/2024, foram 42,5 bolas de três tentadas por jogo.

Na última offseason, a equipe fez seus últimos movimentos para consolidar o elenco, em encontro a sua identidade. Trocou o ídolo Smart por Kristaps Porzingis em junho de 2023 e negociou Robert Williams III e Malcolm Brogdon por Jrue Holiday em outubro do mesmo ano. Estava formado o quinteto titular que mais jogou na temporada regular e foi responsável pela melhor campanha de 2023/2024.

Por fim, dois jogadores importantes do elenco campeão foram trabalhos dentro de casa da equipe. O armador Payton Pritchard foi a escolha própria de primeira rodada dos Celtics (26ª escolha) no Draft 2020, enquanto o ala Sam Hauser foi pinçado do Draft 2021 depois de não ter sido selecionado. O ala assinou um contrato “two-way” com a franquia, passou um tempo dividido com o Maine Celtics, na G League e, finalmente, teve o contrato convertido para a NBA em fevereiro de 2022.

É isso, pessoal. Danny Ainge e os Celtics trocaram suas estrelas veteranas, diretamente responsáveis pelo título de 2008, em um, a um primeiro momento, tido como contestado negócio com os Nets, em 2013. A troca se mostrou bastante favorável aos celtas, que desenvolveram Brown e Tatum com paciência e confiança. Na reta final, Stevens pegou o bastão de Ainge e seguiu com um grande trabalho, fazendo as aquisições certas para montar um grande time, campeão em 2024.

(Fotos: Reprodução Twitter/Boston Celtics)

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